O início da oralidade é um marco no desenvolvimento infantil e é também motivo de muita alegria para os que cercam a criança. Ainda que não propositais, algumas atitudes dos adultos podem interferir no desenvolvimento da fala.

1. Uso de fala infantilizada ou “manhês”

Quando conversamos com um bebê, há uma tendência de modular a entonação de uma forma diferente, usar mais diminutivos, omitir palavras ou substituí-las. Isso não é saudável para o desenvolvimento da fala, uma vez que a criança ainda não construiu seu inventário fonológico (sons da língua), vocabulário e melodia da fala. Ela necessita, portanto, receber padrões adequados para imitação e aquisição.

Exemplos:

Uso exagerado de diminutivo: “mamãezinha vai fazer dedeirinha para o bebezinho”

Omissão inadequada de palavras: “mamãe dedeira”

Substituição de palavras no diálogo: “dedê” para MAMADEIRA, “bibi” para o CARRO, “papu” para PAPAI, etc.

2. Adivinhar ou antecipar o que a criança precisa

As pessoas que convivem com a criança, especialmente mãe e pai, acabam por compreender somente através do olhar e da expressão corporal tudo o que a criança deseja. Além disso, conhecem os horários e hábitos da criança, como horário de sede ou fome, bolacha preferida, etc.

É um equívoco, porém, adiantar as necessidades da criança, sem que ela sinalize ou verbalize alguma coisa. Essa postura do adulto pode ao longo do desenvolvimento deixar de oportunizar demanda comunicativa por parte da criança, levando-a sentir que não é preciso falar para conseguir algo.

Exemplo:

Seu filho parou na frente da geladeira e você sabe que ele quer iogurte. Ele não sinalizou, mas você reconhece este comportamento. O ideal é iniciar uma troca comunicativa com a criança: – O que você quer? Mostre para a mamãe (ajude a apontar, se necessário). Quando você identificar um movimento por parte da criança para ser entendida, continue: – Ah, entendi. Você quer iogurte! Eu vou pegar o iogurte para você.

3. Replicar palavras erradas e/ou zombar

Como já conversamos em outros momentos, nenhuma criança inicia o desenvolvimento da linguagem usando todos os sons de sua língua. Por isso, acontecem “erros” na fala que são completamente típicos e esperados em cada faixa etária.

Ao ouvir seu filho emitir uma palavra de forma diferente da palavra-alvo que gostaria de emitir, não replique de forma inadequada. Dê o padrão correto e evite emitir frases negativas como “não é assim” ou “está errado”.

Conforme vai ouvindo o padrão correto e amadurecendo seu conhecimento sobre os sons da língua, os “erros” vão cessando.

É importante também que você não zombe ou ache graça nesses momentos. Isso pode fazer com que a criança tenha receio em se comunicar e pode fazê-la sentir-se incapaz, além de não oportunizar que ela tenha um modelo correto para seguir.

Exemplo:

Criança: – Mamãe, oia o papu (sapo)!

Adulto: – É mesmo filho! Olha lá, um sapo!

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