No Dia Internacional da Síndrome de Down consideramos relevante continuar propagando informações sobre a intervenção precoce que auxiliem pais, familiares, cuidadores e profissionais sobre O QUE e QUANDO fazer.

A identificação da Síndrome de Down durante a gestação avançou muito. No entanto, não é incomum conhecer famílias que tiveram conhecimento do diagnóstico somente no momento do parto. Ainda mais frequentes são os relatos de falta de empatia e de atendimento humanizado no momento da notícia. Até aqui já temos motivos suficientes para seguir na luta, mas uma série de dúvidas cercam os pais após o diagnóstico e nascimento.

Quando se ouve que seu bebê poderá ter um atraso em diversas áreas do desenvolvimento, fica caótico definir quais são as prioridades e que métodos ou profissionais se enquadram melhor na necessidade de cada criança.

No que diz respeito à Fonoaudiologia, a primeira preocupação deve ser com a SUCÇÃO. É comum que bebês com Síndrome de Down apresentem dificuldades consideráveis para realizar a “pega” da mama e a sucção de forma adequada, que pode acontecer devido à hipotonia muscular e a pobre coordenação entre as funções RESPIRAÇÃO, SUCÇÃO e DEGLUTIÇÃO. Quando o bebê não consegue realizar a função de SUCÇÃO sozinho ele necessita da intervenção de um profissional fonoaudiólogo, para garantir sua nutrição e saúde respiratória no início da vida.

A hipotonia da face e dos órgãos fonoarticulatórios (lábios, língua e bochechas) pode influenciar, mais tarde, no desenvolvimento da face e da fala. Isso porque o desenvolvimento craniofacial depende diretamente da estimulação da sucção e posteriormente da mastigação para crescer de forma equilibrada.

A RESPIRAÇÃO também necessita de atenção especial desde o nascimento. Uma das características fenotípicas da síndrome diz respeito a posição anterior da língua (protrusa). Essa posição da língua, além de outros fatores, favorece que a respiração aconteça pela boca. A respiração constante pela boca interfere no desenvolvimento craniofacial, na imunidade, na ventilação cerebral, na disposição do bebê e na aprendizagem, de modo geral. Durante todo o desenvolvimento a família deve ser orientada sobre este aspecto e, se presente, deverá fazer parte das metas da fonoterapia.

Ainda devido à incoordenação pneumofonoarticulatória e à hipotonia podem acontecer dificuldades persistentes nas transições alimentares. Essas alterações também devem ser trabalhadas por um fonoaudiólogo, que orientará a família e realizará a intervenção necessária.

Falando da comunicação, propriamente, é muito importante que os familiares conheçam a diferença entre LINGUAGEM e FALA. A linguagem trata-se de um conceito complexo que se relaciona com a capacidade mental de planejar, processar, integrar, compreender, interpretar a mensagem e outros tantos processos que realizamos durante a comunicação. É basicamente a organização de nossas ideias, que depende da cognição. Já a fala trata-se da do momento de planejamento e execução motora da linguagem.

É importante diferenciar esses aspectos, pois as estratégias de trabalho para cada área são diferentes e crianças com Síndrome de Down podem necessitar de intervenção em ambas. A Apraxia de Fala na Infância (AFI), por exemplo, é um quadro de alteração de fala.

Precocemente deverá ser realizada a estimulação da linguagem e a intervenção de fala deve iniciar tão logo seja identificado o déficit nessa área. Esse “tempo” irá depender de criança para criança.

Por vezes, um mesmo profissional fonoaudiólogo poderá não dar conta de todas as necessidades da criança, visto que são muitas as áreas de atuação. No caso de atendimento compartilhado, ambos os profissionais devem compartilhar e alinhar os objetivos de trabalho, incluindo a família sempre.

Até breve,

Tatiane Moraes Garcez

Fonoaudióloga

 

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