Toda a criança depende do pai, quando nasce, para o seu desenvolvimento. Você consegue lembrar da primeira palavra que seu filho falou, que você ficou repetindo várias vezes para ele falar de novo? Ou dos primeiros passos que ele deu na sua direção porque você o colocou de pé e chamou por ele?

Mas algumas crianças não conseguem realizar estas atividades que parecem simples e acabam precisando passar por tratamentos terapêuticos, pois possuem alguma dificuldade no seu desenvolvimento. Algumas delas são submetidas a processos curtos, outras demandam atendimento contínuo durante grande parte do período inicial da vida, sejam eles tratamentos psicológicos, fonoaudiológicos, fisioterapêuticos, médicos, etc.  

E como um pai pode ajudar neste momento?

Por mais que você não seja um pai especialista em fonoaudiologia ou fisioterapia a sua participação nesses tratamentos é fundamental e contribuiu de maneira essencial para o bom desenvolvimento de qualquer terapia infantil. As crianças são dependentes dos pais para inclusive, se engajar no processo. 

A Sala de Espera

Alguns pais, infelizmente, entram na categoria Pais Sala de Espera. Ou seja, levam os filhos para a terapia, entregam ao profissional que vai atender, e ficam aguardando na sala de espera, sem fazer parte daquele momento. Não buscam se envolver no processo, não conversam com os terapeutas sobre o desenvolvimento dos seus filhos, e por vezes até pedem para outras pessoas levarem o filho ao consultório. Agem como se, por não terem a experiência profissional que um terapeuta possui, o tratamento não dependesse da dedicação com seu filho e acabam gerando expectativas em cima do terapeuta que podem não ser alcançadas sem a sua participação. Terceirizam a responsabilidade para o terapeuta, como se apenas o tratamento realizado clinicamente resolvesse todas as questões pendentes no desenvolvimento da criança. 

Nós, terapeutas temos uma função importante e precisamos cumprir nossas obrigações profissionais corretamente. Porém, um atendimento infantil para ser bem-sucedido precisa dos pais fazendo o que eles sabem fazer melhor: dar carinho e atenção, acompanharem o tratamento e suas evoluções com seus filhos. Ir às consultas, conversar com os profissionais, apoiar, fazer atividades em casa, conversar com seu filho e tudo mais que a especificidade de um atendimento pedir. Nós terapeutas, ficamos apenas algumas horas por semana com seu filho, você por outro lado, está com ele durante todo o tempo e isso importa muito para o desenvolvimento dele.

Responsabilidade compartilhada

Dar atenção quando seu filho tem uma dificuldade a ser desenvolvida é fundamental. A pressão que seu filho sente por achar que a responsabilidade de melhorar é só dele pode ser ruim para um tratamento. E se você acredita que a responsabilidade é dele, está errado. Assim como seu filho aprende a comer com garfo e faca porque você ensina ele como fazer, ele também precisa da sua ajuda quando possui uma dificuldade maior.

Infelizmente, existem pais que deixam os filhos pensarem que a responsabilidade por suas dificuldades e por sua melhora é só deles, isso gera na criança um sentimento de serem pressionadas e estarem sozinhas. E sem apoio e incentivo, uma criança demora muito para alcançar os resultados esperados e às vezes acaba nem alcançando. Ela precisa sentir que é amada e respeitada em seu tempo e processo, precisa de pais que estejam com ela nos momentos bons e também nos difíceis, a ensinando a vencer as adversidades e a ter coragem. Uma terapia na infância geralmente não é o momento mais agradável que seu filho vai passar.

Movimento faça a diferença para o seu filho!

E se você possui um filho que está em um tratamento terapêutico, ou mesmo, em fase de desenvolvimento, te faço um convite para participar de um movimento, sem grandes encontros, nem reuniões e manifestações públicas. Peço apenas que reflita sua prática como pai, pense como está cuidando do seu filho, e se você se envolve com ele por inteiro ou se inconscientemente busca somente as partes “mais fáceis”? 

As dificuldades também fazem parte de quem seu filho é, o que não significa que ele não possa se desenvolver melhor. Mas para isso acontecer ele precisa de um cuidado profissional especializado, e ele também precisa da família junto dele. 

Os maiores sucessos terapêuticos infantis acontecem quando existe uma família engajada para a mudança. Quando há pais que desejam o melhor para seus filhos e caminham com eles durante esse percurso para alcançarem seus objetivos, o céu é o limite.

Participem das terapias de seus filhos. Não sejam pais que jogam toda a responsabilidade neles, em nós terapeutas ou em todos a sua volta. Cada um de nós tem uma função diferente nesse processo. Um terapeuta jamais poderá fazer o papel de um pai ou de uma mãe na vida de seu paciente. Se todos nós participamos, seu filho tem muito mais sucesso!

Até mais.

Tamara do Nascimento

Psicóloga – CRP 12/14207

2 respostas

  1. No meu caso é diferente…as terapeutas não querem minha presença na sala…sem QQ motivo justificado…eu gosto de participar e sou impedida….com a terapia é pelo SUS…eles impoem isso pra gente

    1. Ana, sabemos que infelizmente essas situações ainda ocorrem. Muitos profissionais têm receio de “ensinar” os pais e perderem seus pacientes; outros têm medo que o comportamento da criança seja pior na presença dos pais (e de fato às vezes pode ser); entre outros motivos. Mas essa relação precisa ser transparente e de parceria. A melhor maneira de ajudar a criança é ensinar os pais a lidarem melhor com os comportamentos e como estimular a criança em casa. Obrigada por visitar nosso site!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.