É muito comum chegar ao meu consultório pais afirmando que precisam de ajuda para lidar com algum problema do seu filho(a). Seja alguma questão na escola, de comportamento, entre outras demandas. Costumo ouvir os pais discorrem sobre como aquele problema é “do seu filho” e das dificuldades que surgiram na família decorrentes da criança estar apresentando aquela questão.

Quando noto uma criança sendo taxada como a responsável no relato dos pais gosto de propor a seguinte pergunta: o que esse “problema”, que eu prefiro chamar de sintoma, está causando na família? Qual é a função dele? O que a sua família ganha e perde com isso? Proponho essas e outras tantas reflexões, pois pretendo ampliar o olhar da família para o contexto em questão. 

Criança como sintoma

Quando uma criança tem um problema, toda a família também o tem e além disso, muitas vezes a criança está apenas sendo o sintoma dessa família. O que significa ser o sintoma? Ser sintoma quer dizer que a criança reage ao seu ambiente e ao que acontece nele. Ou seja, por mais que nem sempre as coisas sejam ditas para as crianças, elas captam as emoções e comportamentos, como se tivessem “anteninhas” e reagem a isso. Na maior parte das vezes os sintomas das crianças são um modo de proteger a família.

Protegendo a família

Os comportamentos que os pais entendem como preocupantes, muitas vezes levam a família para a terapia, e a partir daí, outras tantas questões são discutidas. Não é raro uma família começar terapia com uma queixa da criança, e logo as queixas se modificarem. 

É comum também crianças que com seu sintoma desviem as famílias de outro foco. Por exemplo, um casal que esteja brigando e pensado em divórcio, pode se unir para auxiliar um filho que necessite. 

Aqui é necessário salientar que a criança não planeja agir assim. Muitas vezes elas nem se dão conta disso. Os filhos reagem ao ambiente, na maior parte das vezes de forma inconsciente e irrefletida. Até porque carregar um sintoma não é uma tarefa que elas escolheriam, caso tivessem clara percepção sobre o contexto.

Reações das crianças

Muitas crianças desenvolvem sintomas físicos, emocionais e comportamentais, são as chamadas somatizações. Crianças que frequentemente ficam doentes e com sistema imunológico debilitado, podem estar apresentando um “sintoma” de algo maior na dinâmica familiar. Comportamentos como agressividade na escola, medo excessivo, dificuldade para dormir sozinho, entre outras reações infantis podem ser uma forma da criança reagir ao ambiente. Mas esse é um tema que merece um texto próprio e abordaremos aqui em breve.

Todos juntos

Responsabilizar apenas uma criança por um problema familiar é como criar um ciclo vicioso onde as coisas tendem a não mudar. A ideia é que todos da casa possam olhar para si diante de uma dificuldade familiar, e refletir sobre sua responsabilidade no que acontece. Porque estão todos conectados dentro daquele sistema familiar e são co-responsáveis por qualquer problema estabelecido. 

Responsabilidade dividida 

Quando todos olham para si, fica mais fácil se responsabilizar cada qual por sua parte de um problema. Afinal, se um filho tem um problema, a família toda tem. Como sugestões de perguntas a se fazer diante de um problema do seu filho eu sugiro: Já tentei todas as estratégias possíveis para ajudar ele a lidar com isso? Como posso eu modificar meu comportamento para servir de exemplo?

Família unida na resolução de problemas educa um filho emocionalmente mais saudável. 

Está enfrentando dificuldades nessa função? 

Já pensou em iniciar um processo de terapia? Fica a dica!

Até mais,

Tamara do Nascimento

Psicóloga 

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