O diagnóstico do Transtorno do Espectro Autista é realizado através de avaliação com equipe interdisciplinar. Normalmente a família procura a avaliação espontaneamente somente quando a criança já apresenta um atraso importante da linguagem, em média aos 3 anos de idade ou quando a escola percebe prejuízos no desenvolvimento social.
Mas você sabia que existem muitos outros sinais de alerta anteriores à emissão das primeiras palavras que permitem identificar e iniciar a intervenção precocemente?
Confira os principais sinais de alerta organizados por faixa etária, desde os primeiros meses de vida.
0 a 6 meses
- Pobre contato visual;
- Ausência ou prejuízo no sorriso social (sorrir em resposta ao sorriso do outro);
- Maior atenção a objetos ou coisas do que a rostos (pessoas);
- Tendência a comportamentos de linguagem extremos: silêncio por longos períodos ou gritos exagerados e descontextualizados;
- Choro inespecífico, ou seja, pobre diferenciação entre choro para fome, birra, higiene, etc;
- Choro imotivado ou sem motivo aparente;
- Dificuldade na exploração básica de objetos, como lançar ao chão, bater um objeto contra o outro, chacoalhar coisas, entre outros.
6 a 12 meses
- Assim como o choro, as expressões faciais são inespecíficas e dificultam o entendimento do adulto sobre o sentimento da criança;
- Ausência ou prejuízo no uso de gestos simples, como estender os braços para pedir colo ou repetir a ação de um adulto, imitando um “beijo”, por exemplo;
- Ausência de resposta quando chamado pelo próprio nome;
- Ausência ou pobre balbucio e intenção em comunicar-se;
- Dificuldade para manter-se em uma brincadeira;
- Rejeição a texturas de objetos ou alimentos;
12 a 18 meses
- Andar na ponta dos pés;
- Dificuldade para sinalizar o que desejam (apontar);
- Pouco interesse em mostrar para o outro objetos que são de seu interesse;
- Comportamento resistente com mudanças no dia-a- dia;
- Pouca evolução das expressões faciais;
- Podem apresentar atraso de linguagem e não falar as primeiras palavras nessa faixa etária;
- Dificuldade para construir uma brincadeira simbólica, como brincar com um boneco;
- A exploração dos objetos normalmente não se relaciona com a função original do brinquedo. Exemplo: livros são utilizados para fazer pilhas e não folheados;
- Comportamentos atípicos e/ou repetitivos, como bater a cabeça contra a parede, balançar as mãos na frente dos olhos, pular intensamente, enfileirar objetos, deitar no chão para ver a roda do brinquedo girar, entre outros;
18 a 24 meses
- Não seguem o outro com o olhar para compartilhar uma informação. Exemplo: “- Olha filho, o cahorro!”. O adulto aponta para o cachorro, mas a criança não acompanha com o olhar;
- Pouco interesse em dividir brincadeiras com outras pessoas. Normalmente, o adulto serve como um “apoio” para executar pela criança coisas que ela não consegue;
- Irritabilidade com mudanças de rotina ou quando não consegue brincar com alguma coisa;
- Dificuldade em gestos simples, como negar ou afirmar com a cabeça e apontar;
- Prejuízo importante na oralidade;
- Dificuldade intensa para imitar ações e gestos dos outros, como em uma cantiga, por exemplo;
24 a 36 meses
- As respostas ao adulto tendem a ser assistemáticas, isto é, ora respondem ora não respondem;
- Resistência para aceitar auxílio em tarefas. Exemplo: o adulto pegar a mão da criança para guiar uma atividade de encaixe;
- Tempo de interesse nos brinquedos/brincadeiras é baixo;
- Na escola, não senta com amigos na roda do grupo e, normalmente, prefere ficar fazendo outra coisa sozinho;
- Choro intenso ou agressividade quando contrariado;
- Dificuldade para sinalizar questões de higiene pessoal;
- Incômodo extremo com questões corporais, como secreção nasal e uso de casacos;
- Fixação por alguns desenhos e objetos, demonstrando interesses restritos;
- A linguagem não evolui ou desenvolve-se muito lentamente.
O que recomendamos?
Na presença de algum destes sinais de alerta deve-se procurar avaliação com equipe interdisciplinar especializada e iniciar as terapias imediatamente, mesmo antes do diagnóstico médico ser fechado, uma vez que a intervenção é baseada nas manifestações comportamentais.
Iniciar a intervenção de forma precoce permite a minimização de uma série de sintomas, assim como evita que a criança perca experiências de sua faixa etária por não apresentar comportamentos e linguagem adequados.
Até mais!
Tatiane Moraes Garcez
Fonoaudióloga