Todos os pais ficam um pouco ansiosos com a chegada das férias e o recesso das atividades terapêuticas contínuas e intensas. Algumas dúvidas que eles apresentam referem-se;
1) Será que não haverá retrocesso no desenvolvimento?
2) O que tenho que fazer nesse período?
3) Tenho que traçar um plano de ação para cada dia?
Não há respostas prontas, mas há algumas coisas que podemos pensar juntos.
Não vou limitar-me a dar respostas prontas a estes ou outros questionamento, vou apenas fazer algumas colocações para que todos nós possamos pensar juntos.
Nós adultos e também as crianças necessitam de um período de férias. Passamos o ano inteiro em intensa atividade, com programas terapêuticos, avaliações, encaminhamentos, reuniões com a equipe que acompanha a criança e com as escolas. Os pais passam o ano levando seus pequenos para diferentes terapias, médicos, escola, um corre-corre sem fim. E nossas crianças passam o ano em intensa estimulação.
Tudo que foi aprendido, que gerou mudança de comportamento seja ele não-verbal ou verbal está impresso no cérebro. Portanto a possibilidade de um retrocesso parece remota. Claro que é muitas vezes observado um desenvolvimento mais lento nesse período, justamente pela não exposição direta a atividades constantes realizadas durante o ano.
O que pode inicialmente acontecer é que pela falta de rotina uma criança com TEA pode desorganizar-se, sendo assim aqui vão algumas dicas:
– procure preservar o horário de sono e o da alimentação;
– dentro do possível oportunize que seu filho esteja com um amigo mais familiar;
– cuide com a sobrecarga sensorial que nessa época de final de ano em função das festas é muito comum: abraços demais, vozes muito altas, muita gente junta pode desencadear “pitis” desnecessários. Cada pai conhece o limite de tolerância de sua criança e deve sim respeitar.
– aproveite as férias para trabalhar as habilidades sociais. Normalmente férias é sinônimo de encontro familiar, aquele parente mais distante vem visitar. Torne esse contato prazeroso para sua criança. Prepare-a referindo quem irá chegar, se possível mostre fotos, diga nomes, onde irão ficar e o que poderão fazer juntos.
– algumas brincadeiras podem ser inventadas:
1- Jogo de obstáculos: crie obstáculos com almofadas, travesseiros, caixas, cadeiras, cobertores e uma linha de chegada. Quem chegar primeiro sem derrubar nada vence. Essa brincadeira é legal para aquelas crianças que gostam de andar de um lado para o outro sem nenhum objetivo.
2- Realizem uma sessão pipoca/cinema em casa, convide um amigo.
3- Façam juntos objetos e brinquedos de sucata tais como: Robôs, barcos, fantasias, fantoches, máscaras.
4- Brinque de “ Caça ao Tesouro”, escondendo um brinquedo que sua criança goste.
5- Procure atividades gratuitas oferecidas pelos Shoppings.
6- Programe um passeio de bicicleta com amigos.
7- Faça e solte pipa.
8- Brincadeiras na areia, um bom banho de piscina ou de mar.
9- Leitura de livros e gibis.
10- Preparem lanches juntos.
Férias é aprendizado também! O aprendizado de ficar junto!
Sigam as orientações que os terapeutas de seu filho lhes passaram para esse período, porém não esqueçam o mais importante: SEJAM PAIS!
Boas férias!
Fabiane Klann Baptistoti Sá – Fonoaudióloga Clínica