Segundo a Organização Mundial de Saúde, todos os anos no Brasil, são registrados mais de 300 mil nascimentos prematuros. É considerado prematuro o bebê que nasce antes de 37 semanas de gestação. A prematuridade pode trazer alguns riscos para criança e pode influenciar também no seu desenvolvimento motor, isso devido à imaturidade de alguns órgãos ou devido a lesões no sistema nervoso central que podem acontecer quando o bebê nasce antes do tempo.
Um fator importante que pode favorecer as alterações motoras é a privação de movimento que a criança pode ter quando é prematura, como é o caso, por exemplo, de bebês que precisam permanecer longos períodos na unidade de terapia intensiva (UTI) ou de oxigenoterapia. Além disso, a tríade base para o desenvolvimento motor pode estar comprometida: o indivíduo, o ambiente e a tarefa.
Você conhece a tríade do desenvolvimento motor?
Quando falamos de desenvolvimento motor, precisamos levar em consideração três pilares importantes: o indivíduo (fisiologia, fatores genéticos, doenças, etc.), o ambiente em que a criança está inserida (oportunidades para se desenvolver e explorar o ambiente sem restrições, convivência com outras crianças, etc) e a tarefa (capacidade para realizar as atividades, ser estimulante e desafiador, etc). Quando qualquer um desses três pilares estão comprometidos, o desenvolvimento motor da criança também está.
Como a prematuridade pode afetar o desenvolvimento motor da criança?
Como consequência da prematuridade, a criança pode apresentar dificuldades nas percepções sensório-motoras (como reconhecer seu corpo no espaço, por exemplo) que influenciam diretamente no desenvolvimento motor. O bebê prematuro também pode apresentar atraso na aquisição de algumas habilidades e os marcos do desenvolvimento motor podem não ocorrer na faixa etária prevista, portanto é preciso estar atento e identificar sinais de alerta como dificuldades para manipular objetos, rolar, sentar, engatinhar e caminhar.
Além das alterações motoras, a prematuridade também é um fator de risco para as doenças respiratórias, pois os pulmões podem não estar preparados para o nascimento e precisam de suporte (oxigênio) para se adaptar. Neste caso, a fisioterapia respiratória é fundamental para auxiliar o bebê a ter um padrão respiratório mais adequado, diminuir o tempo de uso de oxigênio e minimizar os impactos que isso pode causar em seu desenvolvimento.
Como identificar se meu bebê precisa de fisioterapia?
Seja qual for a causa da prematuridade, é indispensável que o bebê prematuro seja acompanhado por um fisioterapeuta pelo menos até 2 anos de idade, pois essa fase é considerada a mais importante para a maturação neurológica e conquista da independência motora.
Nem todo bebê prematuro vai apresentar alterações em seu desenvolvimento, por isso é fundamental a avaliação fisioterapêutica, para acompanhar a aquisição dos marcos motores, identificar possíveis sinais de alerta e orientar a família como estimular a criança em casa.
Entretanto, a intervenção fisioterapêutica será necessária para grande parte dessa população. O objetivo da fisioterapia nesses casos é promover estímulos adequados para que a criança se desenvolva melhor, potencializando melhoras nos aspectos motores, cognitivos, psíquicos e sociais. Além disso, a fisioterapia tem papel fundamental para o desenvolvimento respiratório de um bebê prematuro.
Até o próximo post,
Grazielle Muniz Gobetti
Fisioterapeuta Pediátrica