Você sabia que ser uma criança verbal (que se comunica oralmente) não significa necessariamente ser uma criança com comunicação funcional e efetiva?
Conforme os marcos do desenvolvimento da linguagem, as primeiras palavras surgem por volta dos 12 aos 18 meses. A partir dos 18 até os 24 meses é esperado que a criança possua um vocabulário em torno de 50 a 100 palavras. Completado o marco dos dois anos de idade espera-se que a criança entre em uma fase de aprendizado intenso, onde ocorre a chamada “explosão do vocabulário” e isso significa que ela é capaz de aprender diversas novas palavras de forma mais rápida que antes, podendo dobrar o repertório em poucos meses. Além disso, passa a formar frases, tornando sua comunicação mais efetiva.
Quando os pais buscam uma avaliação e/ou intervenção fonoaudiológica com intuito de desenvolver a fala de seus filhos, é muito importante que entendam a complexidade desse processo de aquisição e quantos aspectos linguísticos estão envolvidos para que a comunicação seja funcional. Por vezes, a fala é confundida como um sinônimo da linguagem, porém, ela é apenas uma das suas manifestações. Compreender que (somente) falar não significa necessariamente comunicar é uma chave muito importante para pais e terapeutas.
Crianças entram em processo de intervenção de linguagem por diversos e diferentes fatores que envolvem essa habilidade. E é comum a família ter uma grande expectativa para que surjam as primeiras palavras ou primeiras frases, e essa expectativa realmente faz parte do processo. Porém, o foco precisa ser na comunicação funcional, pois esse é o objetivo principal para todas as crianças que possuem algum atraso ou dificuldade na linguagem.
O que significa comunicação funcional? É saber contar ou pedir algo de forma efetiva, é dar função àquela comunicação. Para que isso ocorra a criança precisa ter adquirido diversos pré requisitos para fala, principalmente ter a intenção comunicativa. Além disso, é importante que não haja trocas fonológicas ou dificuldades sintáticas envolvidas.
Por que é importante a comunicação funcional? Ela é essencial para o bem estar da criança, pois quando a mesma não consegue se comunicar de forma efetiva, pode acabar apresentando comportamentos inapropriados ou desregulação emocional.
Quais são os exemplos de que ser verbal não significa necessariamente ser funcional? Um bom exemplo são as ecolalias, que são falas repetidas sem relação com o contexto e por muitas vezes engessadas. As ecolalias podem ser imediatas, ou seja, alguém fala “oi, tudo bem?” e em seguida a criança repete “oi, tudo bem?”. Elas podem também ser tardias, quando a criança repete músicas de forma repetitiva ou diálogos de desenhos animados/filmes, por exemplo. Além das ecolalias, dificuldades gerais no uso da linguagem (função pragmática) impactam em sua funcionalidade.
Observe se a criança consegue passar a mensagem que necessita ou responder alguém com efetividade e se essas habilidades estão caminhando de acordo com a sua faixa etária, caso contrário, procure uma avaliação fonoaudiológica para entender o que pode estar acontecendo! O desenvolvimento da linguagem não é isolado do restante do desenvolvimento infantil. A linguagem e a comunicação são fatores essenciais para o desenvolvimento cognitivo e para proporcionar uma aprendizagem mais efetiva.
Até o próximo post,