Ainda nos dias atuais referir que uma criança tem Dificuldade de Aprendizagem para alguns é o mesmo que dizer que ela tem um Distúrbio de Aprendizagem. Vamos pensar um pouco a respeito desses dois conceitos.
Entende-se por APRENDIZAGEM o processo de aquisição de competências, habilidades, conhecimentos, comportamentos que resultam de estudo, experiência e/ou observação. Tais informações levam o indivíduo a modificar-se frente às situações a que é exposto podendo avaliar os resultados e recriá-los se necessário. Aprender é o resultado da interação entre estruturas mentais e o meio ambiente. Aprendizagem é uma das funções mentais superiores mais importantes no indivíduo.
O termo DIFICULDADES refere-se a uma situação momentânea na qual não conseguimos resolver um determinado problema. Diferentemente o termo DISTÚRBIO refere-se a uma condição patológica que tem relação com o aspectos neurobiológicos.
As DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM estão relacionadas a fatores externos ao indivíduo como, por exemplo:
– questões de ordem motivacional que dizem respeito ao envolvimento cognitivo/afetivo com a aprendizagem, principalmente de natureza escolar. São crianças cuja motivação não está orientada para o sucesso acadêmico;
– dificuldades pontuais que revelam dúvidas específicas. Por exemplo, pode não estar muito claro para uma criança que um mesmo som pode ser escrito por muitas letras ou que uma mesma letra pode representar vários sons, dependendo da vogal que a acompanha;
– transtornos emocionais primários, como a ansiedade, a depressão, as fobias, podem trazer desequilíbrios tanto no plano relacional quanto acadêmico. Nestes casos, as dificuldades para aprender podem ser consideradas secundárias a um problema de base, de natureza afetiva, e não um distúrbio de aprendizagem como tal;
– também nos deparamos com outras crianças cujo problema reside, fundamentalmente, na falta de oportunidades para aprender e não em suas capacidades;
– e por fim temos que pensar nas propostas pedagógicas, o quanto elas podem ser atraentes ou não para os alunos, podem ser motivadoras ou até mesmo afastarem o interesse da criança.
As DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM resultam normalmente em uma dificuldade no processo de apropriação do código alfabético. Se mudarmos os fatores externos, e possibilitarmos a mediação que o indivíduo necessita, certamente essa dificuldade se diluirá ao longo do tempo.
Ao contrário, os DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM estão relacionados a fatores intrínsecos, ou seja, fatores neurológicos, hereditários, químicos, entre outros. Nesse caso o indivíduo necessitará de diferentes intervenções terapêuticas: psicoterapia, fonoterapia, psicopedagogia e em muitos casos a terapia medicamentosa.
Os principais DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM são:
– Dislexia: segundo o Joint Comittee of Learning Disbilities a dislexia consiste em “…dificuldades significativas na aquisição e uso de habilidades para … ler, escrever…”.
– Disortografia: perturbação específica da escrita que altera a transmissão do código linguístico ao nível do fonema e do grafema e da correta associação entre estes, no que diz respeito as regras da língua.
– Disgrafia: distúrbio de aprendizagem relacionado a caligrafia. Alteração na escrita relacionada a problemas perceptivo-motores. Imaturidade no desenvolvimento da coordenação viso-motora responsáveis pelo desenvolvimento dos movimentos finos e precisos que envolvem o desenho das letras.
– Discalculia: dificuldade em efetuar cálculos e em perceber os mecanismos da numeração, desenvolver raciocínios, realizar com eficiência operações e incompreensão das relações espaciais.
Tornando mais claro tais conceitos fica mais fácil o adulto que está acompanhando as crianças em fases escolares iniciais poder oferecer o apoio mais adequado, bem como fazer os encaminhamentos necessários para o diagnóstico assertivo. Na dúvida procure um profissional para realizar uma avaliação
Até o próxima semana!
Fabiane Klann Baptistoti Sá – Fonoaudióloga Clínica
Muito obrigada pela matéria disponibilizada. Não tenho muito conhecimento nessa área. Estou cursando psicopedagia. E foi muito útil para mim.
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