Ao contrário do que muitos pensam, a Fonoaudiologia não condena indiscriminadamente o uso da mamadeira. É reconhecida a necessidade em muitos casos, por impossibilidade de amamentação, baixa produção de leite, retorno ao trabalho, etc. Alguns cuidados básicos na escolha e manejo da mamadeira possuem relação direta com prejuízo no desenvolvimento. Conheça a seguir.

1.Tipo do bico

Os bicos ortodônticos para chupeta e mamadeira já estão bastante difundidos, mesmo entre os papais de primeira viagem. No entanto, muitas pessoas ainda desconhecem o motivo para escolher o bico ortodôntico ao invés do bico comum.

O principal motivo se refere ao fato de que o bico ortodôntico é o que mais se aproxima do bico do seio materno, fazendo com que todas as estruturas (lábios, língua e bochecha) se posicionem de uma forma mais adequada do que durante o uso do bico comum. No entanto, cabe ressaltar que nenhum tipo de utensílio consegue manter as estruturas na posição ideal e nem mesmo exigir a mesma força para a sucção.

2.Material do bico

O ideal é que o bico seja ortodôntico, produzido com silicone, e não látex. O silicone é menos flexível do que o látex, porém muito mais resistente.

3. Espessura do furo

O tamanho do furo depende da idade da criança e do conteúdo a ser oferecido. Por exemplo, não se deve ofertar água e vitamina com o mesmo furo, bem como não se pode oferecer um furo muito grande para crianças muito pequenas. Cada marca de bico faz sua própria sugestão.

O que é importante ficar claro é que não se deve aumentar o furo do bico que for comprado e deve-se seguir a indicação dos líquidos oferecidos para cada tipo de bico. Aumentar o furo do bico da mamadeira faz com que o conteúdo escorra e se diminua a quantidade de força empregada no momento da sucção. 

É importante ficar atento à respiração do bebê e à sinais de desconforto. Quando o conteúdo líquido está com um fluxo além do necessário, a criança normalmente precisa para de mamar para respirar pela boca e/ou apresenta episódios de tosse e engasgos.

4. Posição

A última dica e não menos importante diz respeito à posição do bebê durante a amamentação. Em nenhuma hipótese o bebê deve estar completamente deitado, pois pode acontecer escorregamento do líquido ingerido para o canal auditivo, causando quadros de Otite (inflamação do ouvido). Isso pode acontecer pois, no bebê, esse canal de contato entre a cavidade oral e a orelha é muito mais horizontal do que no adulto, como mostra a imagem a seguir.

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Diferença entre a tuba auditiva do bebê e do adulto https://fissuraeaudicao.files.wordpress.com/2010/10/tuba_auditiva.jpg

Até a próxima semana!

O que recomendamos?

Nós já falamos por aqui sobre o prejuízo hábitos orais podem trazer para o desenvolvimento infantil quando persistem por muito tempo ou quando acontecem excessivamente (leia aqui). 

É fundamental que a família lembre que tanto a mamadeira e quanto a chupeta não estimulam a musculatura da face do mesmo modo que o aleitamento natural. Ambas podem prejudicar o desenvolvimento ósseo e muscular, alterar o modo respiratório da criança (leia também sobre Respiração Oral aqui) e ainda trazer prejuízos para o desenvolvimento da fala.

Para além da necessidade de sucção natural da idade, uma vez estabelecido o hábito, a criança desenvolve um apego emocional com esses itens e a retirada deve acontecer de forma gradativa. Ao iniciar o “desapego” os pais não devem tentar substituir a mamadeira e/ou a chupeta que possuem valor emocional para ela por presentes. Ao contrário, devem demonstrar outras formas de suprir a relação emocional nos momentos de gatilho para o hábito. 

Outra dica interessante no processo de “largar a mamadeira” é reduzir o volume das mamadeiras ofertadas para reduzir a saciedade e aumentar o interesse por outras ofertas de alimentos.

Tatiane Moraes Garcez

Fonoaudióloga Clínica

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