O Distúrbio Específico de Linguagem, conhecido como DEL, é um comprometimento no desenvolvimento da linguagem, que pode atingir uma ou mais áreas da linguagem, como a fonologia (sons da língua), o léxico (vocabulário) e a sintaxe (estrutura). Acomete cerca de 7% da população mundial e é mais comum em meninos do que em meninas.

O DEL manifesta-se de modo muito diversificado em cada caso e é um quadro que pode ser modificado. O diagnóstico é realizado a partir da exclusão de todas as outras causas prováveis de atraso de linguagem, como alterações auditivas, ausência/escassez de estímulos, alterações sensoriais, lesão neurológica, déficit intelectual, transtornos psiquiátricos ou ainda Transtorno do Espectro Autista. Idealmente, devem ser consultados os médicos otorrinolaringologista e neurologista, bem como um profissional fonoaudiólogo e um psicólogo para a conclusão diagnóstica.

Diante disso, podemos verificar que, na verdade, a criança com DEL apresenta todas as condições orgânicas e ambientais favoráveis ao seu pleno desenvolvimento, mas ainda assim não desenvolve a linguagem como o esperado para sua faixa etária. Alguns estudos mencionam que o desenvolvimento da linguagem é atrasado cerca de 12 meses em crianças com DEL, quando comparadas com crianças com desenvolvimento típico da linguagem.

Sua causa ainda é desconhecida, mas os estudiosos seguem, principalmente, duas teorias na busca de compreender o quadro. A primeira teoria indica que crianças com DEL possuem um comprometimento no processamento auditivo, especialmente na percepção e diferenciação de aspectos linguísticos, trazendo para essa criança prejuízos de compreensão e emissão. Já o segundo modelo, postula que as crianças com DEL, na verdade, apresentam um distúrbio na organização cerebral para o processamento e construção de informações linguísticas, isto é, haveria uma “falha” no funcionamento cerebral específico da linguagem.

Conheça a seguir as principais características presentes em um caso de DEL.

  • Emissão tardia das primeiras palavras;
  • Aquisição lenta da linguagem;
  • Dificuldade de construir frases, mesmo frases simples;
  • Alterações nos sons da fala não esperados para a faixa etária (veja nossos posts sobre desenvolvimento típico da linguagem);
  • Organização atípica de frases (Exemplo: “Duda bola qué”)
  • Dificuldades com o uso de verbos;
  • Dificuldade no uso de preposições e artigos (Exemplo: “a casas das dois”)
  • Prejuízo no uso de flexão verbal ou nominal (Exemplo: Ela fui?)
  • Vocabulário pobre ou reduzido para a faixa etária;
  • Dificuldade para construir um relato pessoal, contar de forma coerente como foi seu dia;
  • Compreensão de informações implícitas no discurso ou texto;
  • Fala muitas vezes ininteligível;
  • Dificuldade significativa para aprender a ler e escrever.

Para profissionais educadores e terapeutas, vale comentar ainda que já existem muitos indícios que para além das características supracitadas, as crianças com DEL normalmente necessitam de um tempo maior para reconhecer, analisar, recuperar, formular e produzir palavras. Por isso, é importante considerar que essa criança pode precisar de um tempo maior para responder uma pergunta, por exemplo, assim como algumas adaptações de materiais e atividades poderão ser necessárias.

Tatiane Moraes Garcez – Fonoaudióloga Clínica

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