Muitos pais têm dúvida quanto a oferta do leite após os 6 meses de idade da criança, quando geralmente é iniciada a Introdução Alimentar, e aqui estamos falando tanto de mamadeira quanto do leite materno. Alguns questionamentos trazidos pelos pais no dia a dia da clínica são: Qual a quantidade? Devo diminuir o número de vezes por dia? Como fazer a criança substituir a mamadeira pela comida?

Sabemos que a recomendação, principalmente se tratando de leite materno, é de oferta até os 2 anos de idade. Porém, aos 6 meses orientamos o início da introdução alimentar e é justamente nessa fase que surgem as dúvidas entre os pais. O processo nem sempre é fácil e muitas vezes surgem dificuldades que não estavam sendo esperadas.

         Essa é uma fase em que muitas crianças rejeitam ou recusam temporariamente os alimentos novos, algumas podem apresentar pouco apetite para os alimentos sólidos, mas mamam vorazmente o tempo todo.  (Esse é um assunto muito polêmico que em breve será discutido pela nossa Nutricionista Elisa de Espindola em um texto esclarecedor aqui no Blog).

“O leite é a minha segurança pois sei que meu filho está se alimentando, por outro lado dificulta que ele tenha fome e aceite a comida que eu estou oferecendo!”

         Tudo depende de como conseguimos manejar essa introdução dos novos alimentos e a retirada gradual do leite e devemos levar em consideração diversos fatores que estão envolvidos nesse processo. 

Alguns fatores como facilidade em “beber” a maior parte da sua alimentação, o conforto de estar nos braços da mãe, a natureza acalentadora do ato de sugar e a facilidade de simplesmente engolir sem precisar mastigar são só algumas razões pelas quais algumas crianças têm dificuldade de transicionar para uma alimentação mais sólida.

         Temos que pensar que para nossa criança talvez esse seja um momento de dúvida e insegurança e que a mudança nem sempre é bem vinda. Sendo assim temos que ter calma e aos poucos realizarmos a transição entre os alimentos. Não é necessário a retirada total do leite, mas devemos lembrar que até os dois anos de idade é indicado que a criança receba a maior parte das suas calorias pela alimentação sólida.

“Mas aos dois anos? Já? Ele é tão pequeno ainda…”

Bom, essa idade não é algo inventado ou sugerido sem critérios, temos fatores determinantes no desenvolvimento infantil que devem ser considerados. A mudança da alimentação líquida para a sólida promove duas grandes estimulações, em primeiro lugar o ato de mastigar e controlar os alimentos faz a criança desenvolver a musculatura orofacial, a mesma musculatura utilizada para os movimentos de FALA!

Isso não parece muito lógico agora? Nossa criança precisa amadurecer e ampliar a atividade muscular e o controle oral através da mastigação para depois ter sucesso mais facilmente nos movimentos necessários para produção dos sons da fala. Além disso, é através da introdução dos sólidos que a criança terá contato com um mundo de estimulação vindas do alimento, que auxiliam no desenvolvimento de experiências sensoriais, como as  diferentes temperaturas, as consistências, os cheiros dos alimentos, as diferentes cores, tamanhos, sabores… essas são características que o leite, por ser sempre ofertado da mesma maneira, não possibilita a criança vivenciar!

             Agora que já refletimos sobre tudo isso, vamos conversar sobre pequenas atitudes que podem facilitar essa transição para vocês pais!

             – Trabalhar a idéia de que seu filho está crescendo e não precisa mais do leite, e que talvez você, tanto quanto ele, esteja apegado emocionalmente ao momento do “mama”.

             – Cuidar com o que você fala. Seu filho é pequeno, mas entende tudo! Quando você tenta dar um alimento sólido e ele não aceita bem e logo em seguida recebe o “mama” com a frase “Já que você não comeu nada a mamãe vai te dar um mama”, ele está sendo instruído a das próximas vezes não aceitar a alimentação sólida, afinal o que ele realmente quer e vai ter após uma tentativa fracassada de alimentação é o leite.

             – Iniciar fazendo a transição do leite para as refeições na hora das lanchinhos, uma ou duas vezes ao dia, e deixar para substituir as refeições principais, principalmente o jantar, por último.

             – Oportunizar a oferta de  sólidos ao invés do leite sempre que possível e para isso é preciso sair do automático! Muitas mães relatam no consultório que ao sair da escola a criança já pede algo para comer e por isso elas já levam a mamadeira pronta no carro. Ao receber o leite nesse momento a possibilidade de aceitação do sólido ao chegar em casa diminui muito, esse ato pode ser facilmente substituído por um alimento sólido atrativo e na extinção do leite nesse momento.

             Bom, ainda temos muito para conversar sobre esse assunto, mas por hoje é isso!  Em casos de dúvida ou persistência do problema procure ajuda profissional.

Até breve,

Jéssica Batista

Fonoaudióloga

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *