Você já se pegou tendo dificuldades para dizer não ao seu filho mesmo sabendo que precisava? Você já o tirou de algum castigo antes da hora, pois se achou muito dura? Ou deixou de chamar a atenção de seu filho quando ele fez algo errado, pois ele chorou muito? Caso você tenha se identificado com algumas dessas situações esse texto foi idealizado pensando para você. Aprecie a leitura.
Quando a criança nasce, ela não sabe o que é certo ou errado, o que pode ou não fazer no mundo. Na medida em que ela vai crescendo, cabe aos pais a responsabilidade de ir explicando quais são as atitudes possíveis e as que não se deve ter diante de alguma situação. Ou seja, é tarefa dos pais dizer não, no momento que a criança for inadequada. Caso contrário, ela não terá como saber que está errando. Além do que, se ela não for alertada sobre isso, permanecerá persistindo numa atitude incorreta.
A importância da frustração
Muitos pais, entretanto, têm receio de dizer não aos seus filhos. Pensam que os estão frustrando, e não querem causar um “sofrimento” as crianças. Eles enganam-se quando pensam que dar limite para a criança é ruim. Impor limite às crianças é um dos gestos mais amorosos dos pais. Por mais que às vezes dizer não seja frustrante para as crianças, elas precisam passar por este sentimento, pois isso ensina elas a viverem em sociedade e a lidar com situações em que nem tudo sai como o esperado. Quanto mais concessões são feitas às crianças, mais elas vão compreendendo que podem fazer tudo o que tem vontade. Mas não podem. As crianças poderão fazer muitas das coisas que desejam, mas nem sempre e nem tudo. E elas vão precisar da ajuda dos adultos para identificarem a diferença entre elas.
Educação democrática
Por terem vivido em famílias autoritárias, onde talvez não tinham voz, muitos pais desejam dar esse espaço que não tiveram para seus filhos. A criança participar democraticamente de sua educação é importante, porém, nem sempre elas vão poder opinar sobre tudo. Cabe aos pais equilibrarem onde e quando é possível ouvir as crianças. E quando, mesmo ouvindo-os, as vontades delas não serão acatadas. Uma educação democrática é saber que há momentos de sim e de não. Quando há apenas “nãos” se corre o risco de se estabelecer uma relação autoritária, mas quando há apenas permissões, o risco é se tornar uma relação permissiva. E as duas situações extremas, permissividade e autoritarismo, são prejudiciais a educação de uma criança.
Limites X Traumas
Há também aquela porcentagem de pais que pensam que vão traumatizar os filhos com a imposição de limites. Como se a delimitação de proibições fosse violenta. É importante diferenciar violência de limite. Quando há a necessidade de impor um não às crianças por meio de violência física é porque a autoridade parental está enfraquecida. Limite não é violência, crime, pecado, antiquado e também não causa traumas infantis.
Medo de dizer não
Talvez um dos grandes desafios da paternidade seja os pais aguentarem vivenciar a raiva ou tristeza dos filhos dizerem um não. Muitos pais querem ter uma relação de intimidade com os filhos e pensam que impor limites pode afastá-los. Por vezes delegam a função a um terceiro, ou a apenas um dos cônjuges. É necessário suportar ver um filho frustrado, e ter a consciência de que isso é importante e faz parte da tarefa de educá-lo. Não é saudável em uma relação parental sustentar apenas a imagem de “bonzinho” para ter o amor do filho. Essa atitude não garante uma boa relação com a criança. Pelo contrário, um filho que sente que pode tudo com os pais assume para si um peso desproporcional de responsabilidade familiar e pode desenvolver alterações em consequência disso.
As crianças sabem que precisam de limites e elas aceitam isso, quando percebem que é feito de maneira democrática e assertiva. Dar limites para as crianças ajudam elas a se desenvolver emocionalmente e as ensina a viver em sociedade.
Você percebe que não se sente seguro para tomar as atitudes necessárias frente ao seu filho constantemente? Procure um psicólogo especializado para auxiliar nesse processo.
Até breve,
Tamara do Nascimento
Psicóloga – CRP 12/14207