Países em desenvolvimento estão passando por um período de transição nutricional e no perfil de problemas relacionados à saúde pública. No Brasil, a transição nutricional tem levado a alterações nos padrões alimentares das crianças, em consequência de modificações na dieta decorrentes de mudanças na indústria alimentícia, mudanças socioeconômicas e influência da mídia e internet.
Os aspectos alimentares e nutricionais presentes na vida moderna, especialmente relacionados aos hábitos de alimentação inadequada, desempenham um expressivo papel no desenvolvimento de diversas patologias e condições relacionadas ao estado nutricional da população, representando diversos fatores de risco e causando desordens no metabolismo.
Estas desordens, quando relacionadas com a faixa etária infanto-juvenil trazem implicações sérias para a saúde, sendo visível a necessidade de prevenção e o seu tratamento.
Especialmente no perfil nutricional das crianças nota-se uma grande mudança ao longo dos anos, já que os alimentos industrializados ricos em sódio, gorduras e açúcares tem substituído as frutas, legumes e verduras, sendo essencial o equilíbrio quantitativo e qualitativo da alimentação.
Um fator relevante para a criação de hábito alimentar infantil é o acesso a mídias digitais e televisão. A televisão é utilizada tanto para o entretenimento quanto para a educação, tornando-se uma grande influência para aquisição de produtos. A quantidade excessiva de tempo em frente à televisão priva as oportunidades de desenvolvimento alimentar e físico, já que as crianças são extremamente influenciadas pela mídia apelativa e o marketing agressivo das empresas de alimentos industrializados.
As crianças adotaram uma rotina com consumo excessivo de refrigerantes, açúcares, alimentos calóricos, dietas monótonas, modismos alimentares e a não realização do café da manhã, tais fatores podem contribuir para diversos distúrbios metabólicos e comportamentais. Em contrapartida observa-se uma grande diminuição no consumo de frutas e hortaliças, os quais são responsáveis pelo desenvolvimento e crescimento adequado nessa faixa etária.
Atualmente as crianças passam a maior parte do dia em âmbito escolar e isto interfere diretamente na criação de hábitos e escolhas alimentares. A partir dessa observação o Conselho Federal de Nutricionistas iniciou um movimento sobre a importância da presença do profissional nutricionista em escolas produtoras de refeições, para auxiliar na alimentação coletiva, tornando-a adequada e balanceada para as crianças.
Nas escolas, o nutricionista é o profissional responsável por elaborar e aplicar ações voltadas à promoção de saúde com enfoque na alimentação e nutrição das crianças de forma coletiva. Estas intervenções buscam a promoção da autonomia e contribuem no processo de escolha de alimentos saudáveis para todos, portanto, existe a limitação do profissional em atender necessidades específicas que hajam necessidades de terapias nutricionais, como por exemplo, crianças com seletividade alimentar.
É preciso observar muito atentamente o comportamento da criança para que a melhor conduta seja escolhida, sendo assim, crianças que apresentam limitações no momento da alimentação têm a necessidade de realizar acompanhamento terapêutico a parte, tanto em âmbito escolar como em consultório, e que preferencialmente, este atendimento seja integrado com o profissional de fonoaudiologia.
Até breve,
Elisa de Espíndola
Nutricionista