Todos os pais desejam educar filhos fortes e seguros emocionalmente para que se tornem adultos saudáveis que possam conduzir suas próprias vidas e alcançar seus sonhos. Mas nem todos sabem como podem chegar nesse resultado, considerando toda a complexidade que envolve as questões emocionais de uma pessoa. Os desafios são muitos: ensinar a lidar com sentimentos, limites, relacionamentos, etc. Mas tem um ponto em particular que vejo aparecer constantemente no consultório: a dificuldade de ensinar aos filhos sobre frustração.
Naturalizando a frustração
Se há uma certeza na vida é que todos se frustrarão, e em muitos momentos, não apenas em uma vez. Frustração faz parte da vida humana em sociedade e não há como pensar em zerar a frustração na vida de ninguém. Portanto, se é algo natural e corriqueiro, nada melhor do que aprender a lidar com isso, e ensinar seus filhos a fazer isso também. Pois, quem aprende a lidar com as coisas que saem fora do esperado tem melhores chances de conviver bem em suas relações.
Lidando com a frustração
Quando a criança não ganha o presente que ela quer, quando não pode brincar com o amigo por mais tempo, quando fica de castigo e perde o direito à sobremesa, entre outras situações, são exemplos de momentos em que as crianças são frustradas, e por certo vão expressar o descontentamento com isso. Alguns pais, por receio de o filho ficar triste ou raivoso a partir do que ocorreu, têm a tendência de minimizar a coisa ruim. Por vezes negociam para comprar o presente depois, ou o substituem por outro, suspendem o castigo antes da hora ou buscam distrair a criança daquilo que a aborreceu. Uma pena! Todos esses comportamentos, não ajudam a criança a encarar a frustração daquele momento.
Como os pais podem agir?
A orientação que faço é que os pais permitam que os filhos tenham contato com a frustração. E como eles podem fazer isso? Fornecendo apoio aos filhos. E apoio, muitas vezes é ter empatia com o sofrimento da criança naquele momento. É ouvir o que ela está falando e sentindo, ficar próximo, por vezes dar um colo, e esperar. Aguardar que a criança lide com o sentimento negativo. Isso é fornecer apoio emocional a ela para que ela possa se reorganizar e entender a situação. Quando os pais tentam “resolver” o problema em questão para o filho, acabam retirando dele a oportunidade de aprender a lidar com aquela frustração.
Proteção aos filhos
Já ouvi de pais que eles preferem minimizar os sofrimento dos filhos enquanto eles são crianças, pois sabem que futuramente não poderão fazer isso, e os filhos terão que enfrentar a vida. Mas enquanto são pequenos e indefesos, os pais querem fazer isso por eles. Entendo perfeitamente esse pensamento, e é natural que os pais querem proteger os filhos. Mas sempre reflito com eles, e quero ajudar você a refletir com esse texto que proteção é bem vinda, mas quando ela é demasiada, pode se tornar um prejuízo para a criança. Imagina que difícil para os adultos terem que conviver com coisas dando errado, depois de ter vivido uma infância inteira com tudo saindo do jeito que eles queriam? O choque de realidade pode ser muito pior, e dificilmente ele terá recursos emocionais para lidar com isso.
Escrevi outros dois textos aqui no blog sobre a importância de dizer não para as crianças e sobre desenvolvimento emocional na infância que podem ajudar você pai e mãe a pensar mais sobre esse assunto.
Até breve,
Tamara do Nascimento
Psicóloga