No último texto, vimos a importância das estratégias antecedentes para o planejamento de ensino baseado em Análise do comportamento aplicada (ABA). Falaremos agora o que mais nos interessa: como utilizá-la na prática.
Algumas estratégias antecedentes possíveis:
Estruturação e organização do ambiente: Se trata de modificar ou alterar o ambiente físico ou social, reduzindo fatores que possam desencadear comportamentos indesejados. Por exemplo, remover estímulos que causem sobrecarga sensorial ou distrações, além de deixar o espaço mais seguro e atraente ao processo de ensino.
Fornecer a possibilidade de se fazer escolhas: Trabalhar com estratégias que aumentem a motivação do indivíduo, é o que se tem de maior eficácia no que diz respeito à aprendizagem humana. Dar à pessoa a oportunidade de escolher entre diferentes opções, atividades, brinquedos, entre outros, pode aumentar a cooperação e reduzir a resistência ou comportamentos de oposição frente à possíveis intervenções terapêuticas, colocando em cheque quaisquer estratégias de opressão e autoritarismo que um atendimento possa exercer.
Estruturação de rotina: Manter uma rotina previsível e estruturada, o que ajuda a reduzir a ansiedade e a incerteza, fatores que muitas vezes desencadeiam comportamentos problemáticos. Cabe ressaltar que, estruturação de rotina não é sinônimo de rotina visual, mas sim uma organização em que possam ser alternados momentos de demandas, pausas ou brincadeiras, de modo a aumentar a motivação, evitando o estresse que uma rotina de trabalho possa possuir.
Previsibilidade: Promover oportunidades em que se possa preparar o indivíduo sobre o que vai acontecer a seguir, descrever a próxima atividade ou evento de forma clara e antecipada, podem diminuir possíveis estresses pela instabilidade e insegurança que tais mudanças possam gerar.
Uso de reforçadores não contingentes: Oferecer reforços independentemente de qualquer comportamento específico, ajuda a diminuir a necessidade de comportamento problemático para chamar atenção ou obter algo.
Modificação de instruções: Fornecer instruções claras e objetivas (pode-se interpretar como instruções simples) e adequadas ao nível de compreensão do indivíduo podem aumentar as chances daquela instrução ser compreendida pelo sujeito e evitar possíveis frustrações que a não compreensão pode gerar.
Apoios visuais: A utilização de recursos como imagens, cronogramas visuais, cronômetros ou outros, podem ampliar compreensão do que se espera por parte do indivíduo.
Exposição gradual: Todo processo de ensino demanda paciência. Quaisquer tentativas que possam ir além do que alguém está preparado, pode aumentar as chances de comportamentos interferentes ocorrerem. Por isso, o ensino precisa ser pensado de forma gradual, tranquila e adaptado ao que o indivíduo é capaz de realizar e assim, fazer a devida progressão por etapas até o objetivo final.
Enriquecimento de ambiente: Um ambiente adequado no processo de ensino exerce um controle e eficácia muito maior do que imaginamos. Planejar para que neste contexto estejam presentes coisas, pessoas, atividades e outros, que aumentem o interesse e motivação da criança, não deve ser um tabu, mas sim uma obrigação de qualquer pessoa que queira ensinar algo à alguém. Planeje para que o ambiente de ensino desperte o interesse de sua criança. Do contrário, caso haja negligência relacionada ao enriquecimento do ambiente, corremos o risco de se frustrar e ainda culpabilizar (injustamente) a criança pelo seu “insucesso”
Vale ressaltar que estes são apenas alguns pontos que podem ser essenciais para se observar em uma intervenção comportamental e os que optamos por destacar. Cada um destes pontos, apresenta uma infinidade de possibilidades, cabendo a cada um dos interessados, se aprofundar em cada tópico para a melhor decisão entre as estratégias mencionadas..
O que vem a seguir?
No próximo texto, vamos aprofundar em um dos elementos mais importantes em uma intervenção analítico comportamental: os esquemas de reforçamento. Você sabia que os esquemas de reforçamento já foram utilizados para o ensino e alfabetização de pacientes com deficiência intelectual?
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