Quando falamos sobre dificuldades alimentares na infância, muitas crenças populares podem atrapalhar o entendimento e a abordagem dessas questões. Este texto, baseado nos estudos de Kay Toomey, psicóloga e criadora do método SOS Approach to Feeding, esclarece alguns mitos que podem prejudicar as crianças e suas famílias.

Um dos enganos mais comuns é achar que comer é a coisa mais fácil que uma pessoa pode fazer. Na verdade, a alimentação é um processo muito complexo, que envolve mais de 32 etapas. Essas etapas requerem habilidades motoras, coordenação, processamento sensorial e aspectos emocionais e sociais.

Outro mito é acreditar que “a criança vai comer quando tiver fome”. Para muitas crianças com dificuldades alimentares, a fome não é motivadora o suficiente para superar medos, desconfortos sensoriais ou experiências ruins que já tiveram com a comida. Relacionado a isso, está a ideia de que “se a criança não comer, é porque não precisa”, ou que retirar a comida até que ela ceda resolverá o problema. Na verdade, essas práticas podem piorar as coisas, aumentando a resistência e até causando traumas em relação à alimentação.

Muitas pessoas também acreditam que forçar uma criança a experimentar novos alimentos é necessário. Contudo, essa prática pode aumentar a rejeição e o estresse da criança em relação à comida. É importante introduzir alimentos de forma gradual e respeitosa, no ritmo da criança.

Outro erro é pensar que dificuldades alimentares são apenas um “problema de comportamento”. Na verdade, elas podem ter causas médicas, sensoriais, motoras ou emocionais, e precisam ser avaliadas por profissionais capacitados.

Embora seja comum as crianças terem uma fase de seletividade alimentar, quando esse comportamento persiste por muito tempo, ele pode ser sinal de algo mais sério, como sensibilidade a texturas ou alterações no desenvolvimento. Além disso, nem todas as crianças sabem instintivamente como lidar com diferentes tipos de alimentos. Algumas crianças precisam de ajuda para aprender a experimentar sabores, cheiros e texturas.

Outro mito perigoso é ver a seletividade alimentar como “birra” ou “manha”. Para muitas crianças, ser seletiva é uma resposta genuína a dificuldades reais, como desconfortos sensoriais ou problemas de coordenação para mastigar e engolir.

Por fim, muitas pessoas acreditam que comer é apenas uma questão de nutrição, mas a alimentação envolve muito mais. É também uma forma de socializar, desenvolver habilidades motoras e sensoriais, além de estar conectada às emoções da criança.

Compreender esses mitos e evitá-los é fundamental para ajudar crianças com dificuldades alimentares. Como Kay Toomey enfatiza, é necessário respeitar o tempo e as limitações da criança, abordando a alimentação de maneira positiva e interdisciplinar.

Se você tem dúvidas ou enfrenta desafios com a alimentação de uma criança, procure uma equipe especializada para orientar e apoiar nesse processo.

Até breve,

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