Os distúrbios alimentares pediátricos representam uma preocupação crescente entre pais, cuidadores e profissionais de saúde. Esse tipo de distúrbio envolve dificuldades no ato de alimentar-se, que podem ser de natureza sensorial, motora ou comportamental, e afeta significativamente a nutrição e o desenvolvimento da criança. Entre as várias áreas da saúde que podem contribuir para o diagnóstico e tratamento desses transtornos, a fonoaudiologia desempenha um papel central, devido ao seu foco na motricidade orofacial, deglutição e desenvolvimento da alimentação.

Os distúrbios alimentares pediátricos abrangem uma série de dificuldades relacionadas à alimentação, que podem se manifestar de diferentes formas, como recusa alimentar, seletividade extrema, dificuldade de mastigar ou engolir, entre outras. Estas dificuldades podem impactar negativamente o crescimento e desenvolvimento da criança, além de gerar estresse e ansiedade para a família.

Embora os distúrbios alimentares sejam mais frequentemente associados à adolescência (anorexia e bulimia, por exemplo), na infância eles apresentam características próprias. Entre os principais transtornos alimentares em crianças, destacam-se:
Transtorno Alimentar Restritivo/Evitativo (TARE): caracterizado por recusa alimentar ou ingestão limitada de alimentos devido à falta de interesse por comer ou à aversão a certas características sensoriais do alimento.
Dificuldades de alimentação associadas a problemas médicos: crianças com condições médicas, como refluxo gastroesofágico, alergias alimentares ou distúrbios neurológicos, podem apresentar dificuldades alimentares.
Disfagia pediátrica: dificuldade de deglutição, que pode comprometer a segurança alimentar e resultar em aspiração de alimentos ou líquidos para os pulmões.

Além disso, muitas crianças com transtornos do espectro autista (TEA), síndromes genéticas ou deficiências intelectuais podem apresentar distúrbios alimentares como parte de sua condição. É fundamental que os pais e cuidadores estejam atentos a esses sinais para que intervenções adequadas sejam feitas precocemente.

Identificar os sinais precoces de um distúrbio alimentar pediátrico é essencial para um tratamento bem-sucedido. Algumas manifestações comportamentais e físicas podem indicar que a criança está enfrentando dificuldades alimentares. Entre os sinais mais comuns, destacam-se:
– Recusa alimentar frequente ou seletividade alimentar extrema;
– Dificuldade em mastigar ou engolir alimentos;
– Engasgos frequentes durante as refeições;
– Refluxo constante, vômitos ou recusa em comer após episódios de refluxo;
– Falta de interesse por alimentos, mesmo quando a criança parece estar com fome;
– Aversão a texturas, cheiros, cores ou temperaturas específicas dos alimentos;
– Perda de peso ou incapacidade de ganhar peso de acordo com o esperado para a faixa etária;
– Baixo crescimento ou atraso no desenvolvimento físico;
– Desconforto visível ao comer ou beber;
– Irritabilidade, choro ou estresse durante as refeições;
– Longo tempo para terminar as refeições.

Os distúrbios alimentares pediátricos podem ser multifatoriais, o que significa que podem ser causados por uma combinação de fatores, incluindo problemas físicos, emocionais, comportamentais e sensoriais.

A fonoaudiologia desempenha um papel essencial na identificação, avaliação e tratamento de distúrbios alimentares pediátricos. O fonoaudiólogo, é capaz de avaliar a funcionalidade dos músculos envolvidos na alimentação e deglutição, bem como identificar problemas sensoriais ou comportamentais relacionados ao ato de comer.

A avaliação fonoaudiológica detalhada envolve observar a criança em diferentes momentos do processo de alimentação, desde a aceitação do alimento até a mastigação e deglutição. Durante a avaliação, o fonoaudiólogo pode realizar as seguintes observações: postura durante a alimentação, movimentos orais, coordenação mastigatória, deglutição e comportamento durante as refeições.

Além dessas observações clínicas, o fonoaudiólogo pode trabalhar em conjunto com outros profissionais da saúde, como pediatras, gastropediatras, nutricionistas, psicólogos e outros para garantir uma avaliação interdisciplinar e um diagnóstico completo. Quanto mais cedo for feito o diagnóstico, mais eficaz será o tratamento.

Até breve!

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