Olá!
Conforme já comentamos aqui, quando o assunto é autismo a maior parte dos materiais que nos deparamos diz respeito à infância e à intervenção precoce, isso porque, ao longo de muitos anos de pesquisa, foi-se descobrindo que quanto mais cedo as intervenções começaram em casos de suspeita de autismo ou diagnóstico já estabelecido (mesmo que antigamente os critérios diagnósticos fossem outros), melhor era o desenvolvimento em relação a funcionalidade da pessoa com autismo na adolescência e vida adulta.
Entretanto, é muito comum que pessoas com casos mais leves de autismo, não receberem o diagnóstico na infância pelas características serem muito brandas e não causarem grande prejuízo social e acadêmico, gerando dúvidas muitas vezes nas famílias, profissionais de saúde e por consequência, acarretando na falta de intervenção adequada para diversas dificuldades apresentadas pela pessoa, principalmente nas interações sociais. Atualmente com o amplo acesso a informações, tem aumentado a procura de adultos por serviços de saúde desconfiados do diagnóstico e por vezes recebendo esta confirmação.
Autismo leve ou síndrome de Asperger?
Você provavelmente já ouviu falar em Síndrome de Asperger que está totalmente relacionada com o autismo, a diferença na verdade, é esta apenas nos critérios diagnósticos que mudaram de alguns anos pra cá, mas as características são as mesmas. Entenda:
Em 2013, foi publicada a quinta edição do manual (DSM-5) que é o manual responsável por estabelecer quais são os critérios diagnósticos de diversos transtornos mentais. Esta edição, diferente das anteriores, apresentou uma nova classificação dos Transtornos do Desenvolvimento. A versão atual criou a denominação Transtorno do Espectro Autista (TEA), que enquadra a Síndrome de Asperger e o autismo em um mesmo diagnóstico, dessa forma, o que antes se conhecia como duas desordens separadas passou a pertencer à mesma condição, que abrange uma grande amplitude de sintomas (por isso a palavra espectro) que variam em relação a frequência a intensidade. A diferença entre os transtornos é o grau dentro do espectro autista, já que é possível ter pessoas com TEA com pequenas dificuldades de socialização e muitas facilidades em aprender e desenvolver uma vida funcional, até indivíduos com graves prejuízos que dependem de cuidados ao longo da vida.
Quais os sinais do autismo leve na vida adulta?
O autismo, por ser um transtorno do neurodesenvolvimento, acompanha a pessoa por toda a vida desde o momento em que ela nasce. Sendo assim, características do TEA devem estar presentes desde a infância da pessoa, em maior ou menor nível de frequência e intensidade. Mas como já dito, as vezes se manifestam de forma tão leve que muitas vezes levam pais a não buscarem ajuda ou que profissionais de saúde não atribuam um diagnóstico ainda na infância.
É por este motivo que quando a pessoa adulta busca por uma avaliação, é de extrema importância que o profissional especializado (com experiência clínica e formação em alterações no neurodesenvolvimento) investigue se características específicas do autismo foram sentidas e percebidas pela pessoa desde sua infância e como ela foi lidando com isso ao longo de sua vida. Apesar disso, algumas características mais gerais que costumam estar presentes na vida adulta em casos de autismo leve são:
– Dificuldades em compreender informações implícitas, como metáforas, ironias e deboches;
– Ter preferência em assuntos muito específicos, dos quais pode ficar muito tempo pesquisando e falando sobre, sem perceber que pode ser desinteressante ou cansativo para outras pessoas;
– Fuga de interação social e/ou cansaço excessivo após período longo de interação social (como uma confraternização, por exemplo);
– Sensibilidade excessiva a sons, toque ou odores;
– Comportamentos repetitivos ou estereotipados considerados “estranho” pelos demais;
– Dificuldade na coordenação motora, sendo às vezes um pouco “desajeitado”;
– Ansiedade excessiva diante de mudanças de rotina (previstas ou não);
– Sinceridade excessiva, falando o que pensa sobre algo sem “ponderar” o que a outra pessoa pode sentir a respeito;
– Desenvolvimento de estratégias muito específicas para lidar com desafios da interação social ou evitá-la;
– Entre outros.
Em casos de autismo leve é muito comum a pessoa desenvolver o que chamamos de “estratégias compensatórias” para lidar de forma socialmente mais aceita com as dificuldades ocasionadas pelo autismo, como por exemplo, olhar para a testa de alguém para disfarçar a dificuldade em estabelecer contato visual, dentre outras. Apesar dessas estratégias ajudarem, não significa que esta pessoa não esteja passando por sofrimento psíquico, afinal, desenvolver estratégias compensatórias demanda de muita energia e por vezes sucessivas tentativas frustradas.
Vale lembrar que as características listadas acima são bastante genéricas e não determinantes de um diagnóstico.
O que fazer em casos de suspeita de autismo?
Procure um profissional da área de psicologia que tenha formação e experiência clínica com casos de alterações no neurodesenvolvimento. Este requisito é importante pois o autismo gera demandas e necessidades muito específicas que devem ser compreendidas pelo psicólogo. Aí então, este profissional irá fazer um bom procedimento de avaliação psicológica, e a partir disso, irá realizar encaminhamentos a outros profissionais (se necessário) e irá iniciar a psicoterapia! O autismo é uma condição muito diversa e seus sintomas podem variar de pessoa para pessoa, apenas uma boa avaliação por parte de um profissional capacitado pode afirmar ou não a existência do transtorno.
Espero que tenham gostado do texto! Deixe seu comentário e compartilhe com amigos e familiares que possam se beneficiar com este conteúdo.
Até o próximo post!
Olivia Entrebato Kruger
Psicóloga
AMEI
MUITO BOM
ESTOU ESTAGIANDO NO NAPPI, EM UMA ESCOLA ATRAVÉS DO CURSO DE PEDAGOGIA PELA UNINTER SÃO LEOPOLDO/RS
E GOSTARIA MUITO DE RECEBER NOVIDADES A RESPEITO, POIS TEMOS ALGUNS ALUNOS COM ESPECTRO E ME INTERESSO BASTANTE.
BOA NOITE
MUITO OBRIGADA
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