Crianças que se enquadram na Seletividade Alimentar (SA) costumam ingerir alimentos repetidos em pequenas porções, de forma lenta, além de frequentemente apresentarem algum comportamento inadequado no momento das refeições, uma tríade composta por: recusa alimentar, desinteresse pela comida e pouco apetite. Para entender mais sobre os mitos e verdades da SA confira esse texto .
Frente a esse perfil da criança com seletividade alimentar é necessária a realização de uma avaliação nutricional, preferencialmente em conjunto com o fonoaudiólogo, com o objetivo de identificação de preferências, alterações sensoriais e monitoração do crescimento, desenvolvimento e de vigilância de alguns distúrbios nutricionais.
Em consequência da SA, é possível ocorrer a deficiência de macro e micronutrientes com impactos importantes no desenvolvimento da criança, principalmente no aporte de cálcio afetando diretamente a massa óssea e no aporte de ferro, afetando o aprendizado, disposição e aumentando o risco de anemia na criança. Estes dois nutrientes já foram discutidos aqui no blog. Leia sobre eles aqui.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), são necessárias ações assertivas para que a conduta alimentar da criança seja saudável e a formação do hábito adequado. Dentre as diversas orientações da SBP, selecionamos cinco delas retiradas do “Manual de Alimentação: orientações para alimentação do lactente ao adolescente, na escola, na gestante, na prevenção de doenças e segurança alimentar”:
- As refeições e lanches devem ser servidos em horários fixos diariamente, com intervalos suficientes para que a criança sinta fome na próxima refeição. Um grande erro é oferecer ou deixar a criança alimentar-se sempre que deseja, pois assim, não terá apetite no momento das refeições. O intervalo entre uma refeição e outra deve ser de 2 a 3 horas.
- É necessário que se estabeleça um tempo definido e suficiente para cada refeição. Se nesse período a criança não aceitar os alimentos, a refeição deverá ser encerrada e apenas na próxima, será oferecido algum alimento.
- O tamanho das porções dos alimentos nos pratos deve estar de acordo com o grau de aceitação da criança. É muito frequente a mãe, por preocupação, servir uma quantidade de alimento maior do que a criança consegue ingerir. O ideal é oferecer uma pequena quantidade de alimento e perguntar se a criança deseja mais. Ela não deve ser obrigada a comer tudo que está no prato.
- A criança deve ser confortavelmente acomodada à mesa com os outros membros da família. A aceitação dos alimentos se dá não só pela repetição à exposição, mas também, pelo condicionamento social e a família é o modelo para o desenvolvimento de preferências e hábitos alimentares. É importante que a atenção esteja centrada no ato de se alimentar para que o organismo possa desencadear seus mecanismos de saciedade.
- Envolver a criança nas tarefas de realização da alimentação como participar da escolha do alimento, da sua compra no mercado ou feira e da preparação dos alimentos é uma boa estratégia para aumentar o aceite de novos alimentos.
A Seletividade Alimentar é um quadro complexo que exige uma avaliação interdisciplinar com a criança e também adequadas orientações parentais para auxiliar os pais a fortalecer seus filhos nas questões relacionadas com a alimentação.
Até breve,
Elisa de Espíndola
Nutricionista