Algumas crianças ficam muito doentes na infância e visitam os pronto atendimentos e consultórios médicos com uma grande frequência. Outras crianças passam por esse período visitando os médicos apenas para consultas de rotina. Vocês já se perguntaram qual a diferença entre elas? Será que tem apenas a ver com sistema imunológico e DNA? Ou será que há algo para além do biológico/físico associado ao aparecimento de doenças?
Para além do corpo
Não estou afirmando que as doenças não sejam corporais e fruto de déficits do corpo. Por vezes elas são, mas também não podemos perder de vista que as pessoas são seres psicossomáticos. Isso significa que as manifestações no corpo, ocasionalmente, podem representar questões psíquicas e emocionais mal ou não resolvidas.
Quando os médicos não são suficientes
Há doenças ou dificuldades infantis em que aparentemente são corporais onde os médicos foram consultados e não se encontra nenhum fator biológico que as explique. Cito como exemplo, um paciente que tive que não conseguia fazer cocô. Os pais já haviam ido a diversos médicos, e não encontravam nenhum problema físico. Exames foram feitos e nada foi diagnosticado. Tudo aparentemente estava no seu devido lugar, porém, eles precisavam medicar o filho para que ele fosse ao banheiro, e isso acontecia apenas a cada 8/9 dias. Após algumas consultas consegui identificar fatores psicológicos que estavam o impedindo de ir ao banheiro corretamente, e pude intervir nessa questão.
Crianças que somatizam
As manifestações no corpo de sintomas emocionais são chamadas de somatização. Somatizar pode ser diferente em cada pessoa, por exemplo, há crianças que sentem dores de cabeça frequentes, num ambiente de muito conflito. Há também aquelas que sentem dor de barriga antes de ir para a escola, a ponto de não conseguir sair de casa. Também as que têm febre que sempre aparece diante de uma situação emocionalmente ruim, etc.
O fator psicológico
Há fatores psicológicos associados ao surgimento de uma doença física. Nem sempre as crianças, e até mesmo os adultos, conseguem organizar o que sentem emocionalmente e falar disso. Por vezes, a única maneira de manifestar seu descontentamento, raiva, tristeza, confusão, entre outros sentimentos, é o aparecimento de uma doença física. E uma criança que fica doente frequentemente pode estar tentando comunicar alguma coisa à família ou estar em sofrimento por algo.
Alerta aos pais
Minha orientação para os pais é ficarem atentos à maneira como seus filhos comunicam seus sentimentos. Será que o corpo deles tem trazido mensagens que vocês não conseguem decifrar? Será que as doenças deles surgem sempre em um momento difícil para elas? Ou que se repete com uma frequência muito grande?
Nem sempre os médicos conseguem dar todas as respostas sobre o não funcionamento correto do corpo, e talvez seja a hora de procurar auxílio psicológico.
Você já viveu uma situação semelhante com seu filho? Conte para a gente aqui nos comentários.
Até breve,
Tamara do Nascimento
Psicóloga – CRP 12/14207