Segundo o DSM-5 (Manual de Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais) e o CID-10 (Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde), os Transtornos da Comunicação “referem aos distúrbios da infância que comprometem a aquisição de habilidades para se expressar oralmente, compreender o que ouve ou de articular as palavras e fonemas” e são classificados atualmente em duas categorias: Transtornos de Linguagem e Transtornos de Fala.

Cada uma dessas categorias engloba diversas condições, com diferentes manifestações. Vamos compreender juntos as diferenças entre esses grandes grupos de alteração?

Transtornos de Linguagem: Esse é o grupo de alterações onde as crianças apresentam dificuldades em adquirir a linguagem tendo ou não uma condição de base associada. Quando estamos diante de uma criança que não apresenta condição que possa explicar tal atraso chamamos de Transtorno de Desenvolvimento de Linguagem ( TDL), condição essa que já passou por diferentes nomenclaturas sendo a mais conhecida do DEL (Distúrbio Específico de Linguagem). Essa condição traz consigo déficits de aquisição nos diferentes constituintes da linguagem, ou seja, os aspectos sintáticos, semânticos, fonológicos e pragmáticos.

Transtornos da Fala: atualmente os estudos têm apresentado a nomenclatura de Transtornos dos Sons da Fala (TSF) e incluem o Transtorno Fonológico (TF) e os Transtornos Motores de Fala (TMF).

Entende-se por Transtorno Fonológico as alterações relacionadas a substituições ou deleções dos sons da fala que levam a ininteligibilidade de fala de leve a severa. Trata-se de uma dificuldade em codificar e/ou recuperar as representações linguísticas de modo equivocado. Ou seja,  cada som da fala é guardado em uma “caixinha” em áreas cerebrais específicas, a criança seleciona mentalmente a representação fonológica inadequada por alguma causa não aparente, resultando numa fala diferente.

Sabe-se que as otites de repetição na pequena infância podem levar a uma representação errônea dos sons da fala e consequentemente a criança  faz a escolha equivocada do som no planejamento da fala.

Já os Transtornos Motores de Fala tratam do Atraso Motor de Fala, Apraxia de Fala na Infância e Disartria.

Atraso Motor de Fala ainda é uma entidade que demanda muita pesquisa por ser observado em  uma porcentagem muito grande de crianças que apresentam atraso idiopático da linguagem e da fala cujo componente ‘motor’ está associado. Tais crianças também apresentam de certa forma imaturidade motora demonstrada em distúrbios da coordenação e diferentes déficits de desenvolvimento em domínios sensório-motores. Os critérios de avaliação ainda são por exclusão sendo que o mais evidente é que tais crianças não atendem os critérios padrões para incluí-las nos quadros de Apraxia de Fala na Infância e Disartria.

Apraxia de Fala na Infância: já foi tema de outros posts aqui nesse blog então foi apenas fazer uma menção a essa condição. Trata-se de uma desordem neurológica que afeta os sons da fala tendo como 3 características principais:

  1. transições coarticulatórias alongadas e/ou interrompidas;
  2. erros inconsistentes em vogais e consoantes;
  3. prosódia alterada.

Disartria: Consiste em um transtorno neurológico motor da fala caracterizado por lentidão, fraqueza, imprecisão e incoordenação dos movimentos dos músculos da fala. Essa condição pode ser causada por diferentes fatores como lesão cerebral traumática, tumores cerebrais, acidente vascular cerebral, infecções e distúrbios congênitos. Dentre as causas congênitas de Disartria, a mais comum em crianças é a Paralisia Cerebral ou Encefalopatia Crônica Não Progressiva. 

Sempre que for identificado atraso ou alteração no desenvolvimento da comunicação de uma criança, deve-se procurar avaliação fonoaudiológica para orientação.

Até a próxima,

Tatiane Moraes Garcez

Fonoaudióloga

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