Você já deve ter escutado muitas coisas sobre crianças que têm dificuldade para se alimentar, muitas opiniões de pessoas que observam um momento único e parecem ter a receita mágica para resolver o problema que tanto angustia os pais. Não é simples resolver questões alimentares na infância, mas temos muitas estratégias e intervenções eficazes.

Pensando nisso hoje vamos falar um pouco sobre as principais dúvidas sobre seletividade alimentar, sobre aqueles comentários comuns que geram ainda mais incertezas nos pais… Afinal, é mito ou verdade?

“DEIXAR A CRIANÇA SEM COMER É A SOLUÇÃO, QUANDO ELA ESTIVER COM FOME ELA VAI PROCURAR COMIDA”

MITO: Esse é o comentário mais comum das mães que chegam no consultório, muitas pessoas sugerem que elas deixem os filhos sem comer durante o dia todo, alegando que ele irá sentir fome e aí sim irá pedir comida. Não é bem assim que as coisas acontecem, as crianças com quadros de seletividade alimentar não são motivadas a recusar pela saciedade, os fatores que induzem uma criança a criar resistência pela alimentação são muito mais amplos: alterações no sistema gastrointestinal, cardíaco ou respiratório, dor ou desconforto ao se alimentar, alterações estruturais e SENSORIAIS.

“O MODELO DOS PAIS INFLUENCIA NA ALIMENTAÇÃO DA CRIANÇA”

VERDADE: Você já deve ter ouvido falar de pais que comem somente batata frita e querem que a criança coma brócolis, missão impossível! Imagine então pais que querem alimentar a criança sem manterem o padrão de se alimentarem na frente dela? Muitas pesquisas têm sido realizadas para comprovar os benefícios e importância das refeições em família, dentre elas destaca-se a diminuição de problemas alimentares nas crianças. Esse ritual ajuda na criação da identidade familiar e no sentimento de pertencimento, quando pais e filhos se conectam durante as refeições favorecem a interação emocional e a segurança da criança em participar ativamente desses momentos. Na rotina atual, geralmente, pais e filhos não se alimentam no mesmo momento, as famílias tendem a oferecer para a criança antes ou depois, justamente pelas dificuldades que ela apresenta, porém distanciam ela de momentos de APRENDIZAGEM ALIMENTAR! Comer é um ato instintivo apenas nas primeiras semanas de vida, depois disso, comer é um comportamento aprendido.

“SE A CRIANÇA REJEITA O ALIMENTO, FAZ CARA FEIA NA PRIMEIRA TENTATIVA DEVEMOS DESISTIR”

MITO: As primeiras experiências de uma criança com um determinado alimento podem não ser muito prazerosas, afinal o alimento traz consigo muitas informações desconhecidas e que geram certa desconfiança no primeiro contato. Cada alimento tem em média 8 características sensoriais que precisam sem recebidas e interpretadas pela criança, então fazer “cara feia” no primeiro contato não é definidor de aceitação ou não desse alimento! Experimente aumentar o contato da criança com esse alimento específico, deixar ela pegar com a mão, sentir o cheiro, se adaptar.  O ideal é que a criança seja exposta 12 vezes ao alimento para criarmos a definição de aceitação ou recusa.

“A DIFICULDADE NA ALIMENTAÇÃO É UMA FASE NORMAL DO DESENVOLVIMENTO, DAQUI A POUCO PASSA”

MITO: Muitas crianças têm sim uma fase transitória de dificuldade alimentar na infância, que acontece geralmente no momento da introdução alimentar, porém não são dessas crianças que estamos falando. A seletividade alimentar é uma dificuldade alimentar de longa duração, ou até mesmo permanente, que limita e impacta questões nutricionais e sociais, necessita de modificações nos padrões alimentares da família e de intervenções e estratégias diretivas.

Como disse inicialmente, essas são apenas alguma dúvidas de um universo muito complexo sobre seletividade alimentar. Cabe lembrar que estamos falando de crianças com SELETIVIDADE ALIMENTAR, e nesse caso a família deve procurar ajuda profissional: Fonoaudiólogo, Terapeuta Ocupacional e Nutricionista são os principais responsáveis em auxiliar a criança a ampliar suas escolhas alimentares.

 Até breve,

Jéssica Batista

Fonoaudióloga

CRFa 3-10287

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