Sabe quando conseguimos identificar o que a pessoa está pensando ou sentimentos só pela sua expressão facial? Pelo jeito de ela olhar ou se mexer?
Pois bem, essas habilidades de perceber e interpretar as intenções, emoções e ações de outras pessoas, bem como nos comportamos em resposta ao que percebemos no outro, fazem parte da Cognição Social (CS).
Como a Cognição Social funciona?
A Cognição Social é um fenômeno multifacetado, ou seja, composto por diferentes processos neurobiológicos mas que funcionam de maneira integrada. São eles:
1. A percepção das emoções, que é a capacidade de reconhecê-las a partir das expressões faciais e não faciais (como os gestos).
2. A percepção social, que envolve decodificar, interpretar e compreender o contexto social que se está inserido. Um exemplo disso, é a compreensão de hábitos culturais e comportamentos que fazem sentido em determinado local, mas em outro não.
3. A Teoria da mente, responsável pela compreensão das intenções, disposições ou crenças dos outros e de si mesmo, entendendo que o estado mental, ou seja, a forma como pensa e sente, é diferente da nossa.
4. E o Estilo de atribuição, responsável pela atribuição de causas sobre o acontecimento do outro, por exemplo, quando uma pessoa se comporta de determinada forma e atribuímos uma causa para este tipo de comportamento.
Trabalhando juntos, todos esses domínios são responsáveis pela capacidade de empatia e ajudam mediar nossas próprias ações, em relação às respostas emocionais e comportamentais das outras pessoas e do contexto em que vivemos.
Cognição social e neurodesenvolvimento
Apesar de ser um conjunto de habilidades presente em todas as pessoas e que se desenvolve ainda na primeira infância, em alguns transtornos do neurodesenvolvimento, como autismo e TDAH, ou outros transtornos mentais como esquizofrenia e depressão, este conjunto de habilidades frequentemente encontra-se prejudicado. Entretanto, com a intervenção precoce desde criança e psicoterapia ao longo de seu desenvolvimento, a pessoa pode encontrar estratégias para lidar melhor com as dificuldades que pode enfrentar em suas relações interpessoais.
Para as crianças em especial, a utilização de histórias contendo falas que representam estados mentais (utilizando verbos como pensar, sentir, achar), recursos com imagens representativas das emoções e reprodução de situações reais ou fictícias na qual a criança deve representar outra pessoa, são algumas das diversas possibilidades para se estimular a Cognição Social.
Lembrando que independente de a criança apresentar ou não prejuízo na Cognição Social, a participação da família é fundamental para ajudar a criança a nomear e a compreender as suas emoções, assim como as emoções dos outros e o quanto suas ações podem repercutir na forma como o outro se sente, principalmente em situações de conflito Tudo isso é muito importante para estimular um bom desenvolvimento da Cognição Social e promover a empatia!
Até o próximo post,
Olivia Kruger
Psicóloga