O momento da refeição deve oferecer, além dos aspectos relacionados com a saúde, alegria e prazer com amigos e família. Em núcleos familiares onde a criança apresenta quadros de dificuldades alimentares, muitas vezes este momento se torna angustiante tanto para os pais quanto para a criança.

Estranhar alimentos no momento da refeição é comum na primeira infância, já que após os seis meses de idade, durante o processo da alimentação complementar, o alimento apresenta texturas, cheiros e sabores desconhecidos para a criança. O que precisa ser entendido é que a recusa alimentar, quando patológica, é mais complexa  e envolve diversos sistemas e causas. Este quadro não ocorre somente em crianças com desenvolvimento atípico, mas também, em crianças que apresentam um desenvolvimento esperado para a sua idade. 

Diante de tantos estímulos sensoriais novos é comum que o bebê apresente recusa em algumas oportunidades, mas é fundamental que os familiares próximos entendam e saibam como lidar com essa situação. E é aqui que entra a importância do acompanhamento com um profissional especializado. O nutricionista tem a função de orientar a família e contribuir para que, desde o início, o bebê seja exposto a vivências positivas com os alimentos e para que os pais lidem adequadamente com todos os desafios que podem ocorrer na fase da introdução alimentar.

A modificação dos hábitos alimentares requer uma atenção especial de profissionais capacitados, pois envolve vários aspectos, entre eles, aspectos psicológicos, sociais, culturais e comportamentais. A Terapia Alimentar é uma abordagem clínica baseada na literatura junto com ferramentas e estratégias que objetivam minimizar as recusas alimentares e aumentar adesão e flexibilização de um plano alimentar adequado.  

Mesmo de maneira estrategicamente técnica, a Terapia Alimentar é lúdica e proporciona à criança exposições a diversos estímulos fora do momento da refeição. A frequência deste tratamento comumente é semanal, no entanto, pode variar de acordo com a necessidade e evolução de cada criança. 

Como saber se a criança precisa de Terapia Alimentar?

Quando a criança exclui da sua rotina um grupo alimentar inteiro, como por exemplo, todas as frutas ou carnes, quando ela apresenta algum comportamento inadequado no momento da refeição, pouco apetite ou desinteresse pelos alimentos!

Outros sinais que a criança pode apresentar são: desconforto gástrico, não tolerar a presença de alimentos, ânsia de vômitos e não suportar o cheiro ou o toque de determinados alimentos. Esses sinais geralmente estão relacionados com distúrbios gastrointestinais ou com a dificuldade da criança tolerar as diferentes características sensoriais que um alimento pode apresentar. 

Após identificar algum/alguns destes sinais o primeiro passo é realizar uma avaliação, preferencialmente, interdisciplinar, já que as análises complementares de cada um deles proporcionarão um diagnóstico mais preciso e condutas mais assertivas.

Quais profissionais podem aplicar a Terapia Alimentar?

Pesquisas apontam que as constantes recusas alimentares podem estar relacionadas com sensibilidade sensorial, distúrbios gástricos e inflexibilidade comportamental, dificultando a aceitação de alimentos e de se estabelecer uma rotina alimentar adequada com a criança. 

Após compreender quais são os motivos centrais do quadro e de realizar seus devidos encaminhamentos a especialistas, profissionais como nutricionistas, fonoaudiólogos, psicólogos, terapeutas ocupacionais, entre outros, podem aplicar a Terapia Alimentar, desde que estes sejam capacitados e especializados a realizar um correto planejamento terapêutico com a criança e família.  

Quais os resultados esperados? 

Após entender que a dificuldade alimentar apresentada pela criança é um quadro bastante importante, deve-se trabalhar com precisão e eficácia para a melhora do seu desenvolvimento global. Oferecer um tratamento adequado e aconselhar os pais sobre o comportamento de seus filhos durante a rotina diária visa melhorar a relação da criança com os alimentos, minimizar as recusas alimentares e modelar seu perfil nutricional. 

Motivar a criança a novas escolhas alimentares é um processo que necessita de várias ações e persistência. Mesmo que pequenas, todas as mudanças são importantes e pertinentes para a correta evolução da conduta terapêutica. 

Até breve,

Elisa de Espíndola 

CRN10 3916

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