
Nem toda otite causa dor, mas todas merecem atenção. Saiba por que infecções recorrentes no ouvido podem impactar o desenvolvimento da linguagem do seu filho — e o que você pode fazer desde já.
Você já percebeu que algumas crianças têm infecções de ouvido com muita frequência? As famosas otites são comuns na primeira infância — e embora pareçam apenas um incômodo passageiro, elas podem ter impactos mais profundos, especialmente no desenvolvimento da linguagem.
Neste post, quero te explicar de forma clara como a saúde auditiva na infância está diretamente relacionada ao desenvolvimento da comunicação e da aprendizagem.
O que é otite?
Otite é uma inflamação no ouvido que pode atingir diferentes regiões da orelha. As mais comuns na infância são:
- Otite externa: afeta o canal auditivo externo. Costuma provocar coceira, vermelhidão e, às vezes, pequenas feridas.
- Otite média: é a inflamação que ocorre na região atrás do tímpano (a orelha média). É essa que geralmente causa dor intensa, febre, secreção e uma redução temporária na capacidade de escutar com clareza.
Nos casos de otite média de repetição, pode ser necessário tratamento com antibióticos ou, em algumas situações, a colocação de tubos de ventilação no tímpano para drenar a secreção e evitar novas infecções.
E o que isso tem a ver com a linguagem?
Tudo! 🧠👂🗣
A linguagem oral se desenvolve principalmente nos três primeiros anos de vida — um período que chamamos de “janela de ouro” para o neurodesenvolvimento. É quando o cérebro da criança está mais sensível e preparado para absorver os sons da língua falada ao seu redor.
Agora pense comigo: se essa criança está constantemente com a audição prejudicada por conta de otites, isso significa que ela não está ouvindo com clareza os sons da fala. Ela pode até escutar, mas não com nitidez. E se não escuta bem, como vai reproduzir as palavras, construir frases ou entender as nuances da comunicação?
Crianças com otites de repetição podem apresentar sinais como:
- Atrasos no balbucio (esperado entre 6 e 8 meses),
- Dificuldade para falar as primeiras palavras,
- Atrasos na combinação de palavras ou formação de frases,
- Desinteresse por sons do ambiente,
- Agitação, irritabilidade ou comportamento mais “isolado”.
Com o tempo, esses atrasos podem impactar também o aprendizado escolar — especialmente nas fases iniciais de leitura e escrita.
Audição e linguagem caminham juntas
Para que uma criança aprenda a falar, ela precisa ouvir bem. E aqui, ouvir bem não significa apenas “ouvir alguma coisa”, mas sim perceber com clareza os sons da fala e conseguir diferenciá-los.
Por isso, sempre que falamos sobre desenvolvimento da linguagem, estamos também falando sobre a importância de uma boa saúde auditiva. Mesmo perdas auditivas temporárias, como as causadas pelas otites, podem interferir nesse processo.
E quando a otite é “silenciosa”?
Aqui vai um alerta importante: nem toda otite causa dor. Muitas vezes, principalmente nos casos de otite média secretora, a inflamação pode ser silenciosa, ou seja, sem febre, sem choro, sem sinais evidentes de incômodo. Isso faz com que os episódios passem despercebidos — e é aí que mora o perigo.
Se essa criança não escuta bem por semanas ou meses, mesmo sem aparentar desconforto, ela está vulnerável a perdas auditivas temporárias que afetam o processamento dos sons da linguagem.
O que os pais podem observar?
Além dos sinais clássicos, como febre e dor no ouvido, é essencial ficar atento a:
- Resfriados frequentes ou de longa duração,
- Ato de coçar a orelha ou levar a mão ao ouvido com frequência,
- Mudanças no sono ou apetite sem explicação,
- Dificuldade de escutar em ambientes ruidosos,
- Falta de interesse por sons e vozes,
- Atrasos no balbucio, nas primeiras palavras ou frases.
Em caso de dúvida, o ideal é conversar com o pediatra, procurar um otorrinolaringologista e realizar exames auditivos, como audiometria infantil e timpanometria. Se necessário, um fonoaudiólogo pode acompanhar o desenvolvimento da linguagem e propor estratégias de estimulação.
Em resumo:
- Otites de repetição são comuns, mas não devem ser ignoradas.
- Mesmo quando silenciosas, podem comprometer o desenvolvimento da fala.
- A audição é base fundamental para a linguagem e a aprendizagem.
- O acompanhamento médico regular é indispensável.
- Quanto mais cedo identificarmos alterações, mais eficaz será a intervenção.
No Evolvere Neurodesenvolvimento, acompanhamos o desenvolvimento global da criança com uma equipe interdisciplinar especializada. Se você desconfia que seu filho está com atraso de fala ou dificuldades na comunicação, entre em contato com a nossa equipe. Estamos aqui para te ajudar com acolhimento, escuta ativa e muita experiência.
Até o próximo post!