Durante todo o desenvolvimento infantil a criança passa por diversas etapas de desenvolvimento da linguagem e cada uma delas exige uma postura diferente dos interlocutores. E, claro, os interlocutores mais frequentes das crianças são em sua maioria os próprios pais.

Existe uma grande tendência biológica e social de falarmos diferente com as crianças. Quem nunca se pegou falando com um bebê de uma forma infantilizada, repleta de diminutivos e variação melódica?

Esse comportamento é comum e até importante nos primeiros meses de vida, pois a criança ainda está conhecendo o universo linguístico e precisa de modelos de fala mais enfáticos e prazerosos como o que costumamos fazer. Além disso, quando um bebê vocaliza e o adulto sorri e dá um significado para cada emissão sonora, o cérebro do bebê está pareando formas sonoras com formas concretas de sentido e formando seu vocabulário mental.

No entanto, conforme o seu bebê cresce, é importante que a sua forma de comunicação com ele amadureça também. 

Respeite cada fase do desenvolvimento da linguagem

Já falamos por aqui sobre todas as etapas do desenvolvimento da linguagem e quais são as habilidades esperadas em cada faixa etária. Se você deseja rever esse conteúdo, clique aqui.

Por volta dos 12 meses a criança já apresenta o uso de palavras isoladas para designar objetos recorrentes na sua rotina e para nomear pessoas próximas. Esse comportamento emerge após todo um ano de estímulos auditivos e visuais recebidos. Por isso é importante que você se preocupe com esses aspectos desde os primeiros meses de vida do bebê. 

Uma das primeiras orientações é ensinar para a criança o nome correto dos objetos. Devem ser evitados o uso de codinomes compreendidos somente pela família, assim como o uso de diminutivos, como por exemplo  “tetê” para leite ou “guti” para iogurte.

O adulto como modelo de comunicação

A criança tem seus pais e adultos próximos como modelos de comunicação e tendem a imitar tudo o que ouvem. Por esse motivo, além de ensinar o nome adequado de cada objeto e pessoa, os adultos não devem imitar a produção da criança, que está em desenvolvimento e ainda precisa de ajustes. No momento que passamos a imitar a produção incompleta ou errada da criança para determinado item, estamos tirando a oportunidade de aprendizado e autocorreção que todos praticamos através do feedback auditivo.

Mas cuidado com o jeito de falar!

Dar o modelo correto é importantíssimo, mas se você fizer isso em tom de cobrança ou dizendo para a criança que o que ela falou está errado o tempo todo, seu comportamento terá efeito reverso e, provavelmente, sua criança se sentirá inibida e passará a evitar as palavras com as quais tem dificuldade.

Quando seu filho(a) falar uma palavra incompleta ou errada apenas produza a palavra certa em um contexto descontraído e fluido, como no exemplo:

Criança: “mamãe, eu quelo guti”.

Adulto: “ah, entendi! Você quer iogurte? Vou buscar!

E siga naturalmente com a conversação.

Monitore os marcos do desenvolvimento de linguagem

Aqui estamos falando de crianças que apresentam o desenvolvimento dentro do que é esperado para a sua idade, mas que possuem um padrão mais infantilizado e uma relação distorcida com alguns vocábulos. Mas cabe ressaltar que, se você observa uma dificuldade persistente na comunicação, é indispensável a avaliação de um profissional fonoaudiólogo para orientação e os devidos encaminhamentos.

Até a próxima pessoal!

Tatiane Moraes Garcez

Fonoaudióloga

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