Nós já falamos por aqui sobre dificuldades relatadas por pais no processo de transição alimentar, como a recusa dos primeiros alimentos ofertados e a retirada da mamadeira (leia o texto anterior aqui). Hoje vamos conversar sobre 2 minerais importantes neste processo de transição: o cálcio e o ferro.
O consumo adequado de cálcio
O cálcio é um nutriente essencial necessário em diversas funções biológicas. As associações entre o baixo consumo deste nutriente e doenças crônicas têm sido notadas, entre elas osteoporose, câncer de colón, hipertensão arterial e até mesmo a obesidade.
O consumo adequado de cálcio está relacionado com funções do metabolismo como a contração muscular, coagulação sanguínea e o suporte estrutural do esqueleto, principalmente nas primeiras fases da vida: a infância e adolescência. Este mineral é um dos fatores que auxiliam no aumento e formação da massa óssea, contribuindo para a prevenção de riscos de desenvolvimento de fraturas na vida adulta.
Diversas são as fontes de cálcio, que podem ser encontradas em alimentos como leite e derivados, sardinha, brócolis, gergelim, folhosos verdes escuros e outros. De acordo com uma pesquisa brasileira (Vigitel, 2015) o nosso país não consome a quantidade adequada de hortaliças. Por isso, apesar de o leite não servir para suprir todo o cálcio necessário diariamente, aqui no Brasil ele acaba por se tornar principal fonte deste mineral na dieta das crianças, principalmente em casos de consumo excessivo de mamadeiras ao longo do dia.
A importância do ferro no organismo
O ferro é um mineral presente em diversos alimentos e também no corpo humano, desempenhando um papel de muita importância para o organismo. Sua principal função é a sua relação com os glóbulos vermelhos, fazendo o transporte de oxigênio pelos tecidos por meio da hemoglobina. A necessidade de consumo deste mineral na infância também é de suma importância, já que, a fase de crescimento nesta faixa etária é bastante rápida.
No Brasil, a anemia por deficiência de ferro é um problema nutricional de grande magnitude, sobretudo em crianças menores de dois anos e gestantes, atingindo cerca de 50% e 35% desses dois grupos populacionais, respectivamente.
A deficiência de ferro ocorre quando a quantidade absorvida pela dieta é escassa ou quando sua absorção é deficiente, se tornando insuficiente para alcançar as necessidades nutricionais do corpo. Se esta deficiência persiste, os estoques de ferro são diminuídos e a criança pode desenvolver Anemia Ferropriva. Os principais sintomas desta condição são a redução de atividade física, do rendimento no aprendizado, da eficiência do sistema imune, do apetite, além de distúrbios comportamentais.
Absorção de minerais e o desenvolvimento infantil
A baixa de algum mineral no corpo nem sempre está relacionada com a ingestão alimentar insuficiente, mas também, por uma série de fatores que afetam a sua biodisponibilidade. A influência dos diversos componentes dos alimentos numa mesma refeição ou dieta pode controlar algumas das variáveis e desta forma interferir na absorção dos nutrientes entre si. Estudos apontam que pode existir a relação da absorção de ferro na presença do cálcio, mostrando que, quando o consumo de cálcio em refeições próximas é superior a 500mg impede a absorção de outro mineral: o ferro.
Confira no gráfico abaixo as necessidades de cada mineral para crianças de 1 a 8 anos:
Até os seis meses de vida, o aleitamento materno exclusivo supre as necessidades nutricionais da criança, após este período, além das mamadas, torna-se necessária a introdução de alimentos complementares ricos em diversos nutrientes para que ocorra o desenvolvimento saudável do bebê.
Crianças necessitam de uma alimentação equilibrada que promova benefícios para a manutenção da sua saúde, referindo-se a uma seleção de alimentos de cada um dos diferentes grupos alimentares. Neste sentido, cabe ao profissional nutricionista a veiculação de orientações que permitam a seleção adequada de alimentos qualitativamente e quantitativamente, oferecendo todos os nutrientes necessários para a faixa etária, mantendo sua saúde adequada.
Até breve,
Elisa de Espíndola
Nutricionista