As questões alimentares na infância estão se tornando cada vez mais frequentes: crianças que não aceitam experimentar novos alimentos, as que apresentam um número limitado e padronizado de alimentos aceitos ou até mesmo as que não demonstram nenhum interesse em se alimentar. 

Se você conhece uma criança com essas características esse texto é para você! Essas são as queixas determinantes em quadros de seletividade alimentar, porém muitos sinais de alerta são dados antes pela criança e pela rotina alimentar que se estabelece, e devemos estar atentos, pois a identificação precoce de dificuldades alimentares resulta em intervenções mais eficazes e melhores resultados.

Pensando nisso listei três sinais de alerta, que não são considerados características diagnósticas, mas que estão intimamente relacionados com quadros de Seletividade Alimentar, são eles:

REFEIÇÕES MUITO LONGAS: É recomendado que a refeição de uma criança dure em média 30 minutos, considerando um tempo adequado para a aceitação da quantidade necessária de comida e levando em conta a participação ativa dela nesse processo. Quando as refeições têm um tempo de duração mais prolongado tendem a se tornar cansativas tanto para quem está ofertando quanto para a criança, gerando assim momentos de conflito e de experiências emocionais negativas. Além disso, dificilmente a criança terá uma melhora no padrão de alimentação ao ultrapassar o tempo sugerido, pois é no momento inicial da oferta que ela deve estar mais atenta, disposta e com maior apetite.

USO DE ELETRÔNICOS DURANTE AS REFEIÇÕES: A criança se alimentar assistindo desenhos e vídeos tem se tornado o padrão para muitas famílias, porém o uso das telas é prejudicial para o seu desenvolvimento alimentar. As telas realizam o papel de distratores, ou seja, desviam a atenção da criança do momento da refeição e diminuem muito o contato dela com os alimentos, faz com que elas não percebam as características das comidas oferecidas, e também dificultam que a criança aprenda a identificar seus sinais de fome e saciedade. Ao estar olhando para as telas a criança perde a oportunidade de conhecer as comidas, de se motivar ou de ter curiosidade pelo o que tem no seu prato: pelas cores, formatos, texturas, forma de apresentação dos alimentos e etc.

NÃO GOSTA DE SE SUJAR: Esse é um sinal de alerta clássico e que merece atenção. Crianças que apresentam resistência em tocar nos alimentos, que quando sujam as mãos, e até mesmo a boca, querem limpar com rapidez, estão nos mostrando que existe uma dificuldade em interpretar e lidar com essas sensações. Muitas vezes essas crianças evitam tocar em coisas diferentes, não gostam de brincar com areia, usar tinta com os dedos, entre outras coisas, pois existem alterações sensoriais e táteis que tornam esse momento um grande desafio. Essa resistência, na maior parte dos casos, está relacionada diretamente com a recusa em experimentar novos alimentos. 

Quando falamos de alimentação não podemos focar apenas nos momentos de refeição, precisamos de um olhar mais amplo para identificar os sinais que surgem no desenvolvimento como um todo, mas que se relacionam com as dificuldades alimentares existentes, para conseguir agir precocemente e realizar as orientações e intervenções adequadas. 

Gostou do conteúdo? Fique atento e observe esses sinais de alerta. Nos encontramos em breve por aqui com mais informações importantes sobre desenvolvimento alimentar infantil.

Jéssica Batista

Fonoaudióloga – CRFa 3R 10287

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