“Você já se perguntou se existem características em comum entre essas duas condições?”. Com o passar dos anos de estudo e vivências clínicas, fui observando diversas características comuns entre essas duas condições. Sendo assim achei interessante trazer esse ponto para um conversa.

Nesse post trago algumas informações importantes sobre esse tema que podem auxiliar tanto no levantamento de sinais comuns aos dois quadros, quanto nos encaminhamentos necessários e direcionamento terapêutico. Vamos lá! 

Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH): o que é?

É um transtorno neurobiológico relacionado à demanda de atenção e inibição de comportamento que traz como principais características:

– Hiperatividade;

– Desorganização motora;

– Dificuldade de controle inibitório;

– Oscilação brusca de humor frente às frustrações;

– Déficit de memória de trabalho não verbal e de funções executivas (pouca percepção de erro);

– Dificuldade em lidar com o tempo de cumprimento de tarefas;

– Desorganização geral.

É um distúrbio do neurodesenvolvimento que aparece precocemente na infância, geralmente antes da idade escolar, levando a prejuízos no funcionamento pessoal, social, acadêmico e na fase adulta na vida profissional.

É preciso ressaltar que essas características listadas acima NÃO ocorrem em quem é diagnosticado com Distúrbio do Processamento Auditivo, APENAS em quem tem o TDAH.

Ou seja, crianças que tem TDAH possivelmente apresentarão alguma alteração no processamento auditivo. Mas crianças com Distúrbio de Processamento Auditivo não terão necessariamente TDAH, apesar de algumas características serem comuns como verão ao final do texto. 

E o Distúrbio do Processamento Auditivo (DPA) o que é?

Para entender o que é DPA precisamos pensar no que é o processamento auditivo. Trata-se de um processo que envolve diferentes áreas do cérebro cuja função é PERCEBER, ORGANIZAR E INTEGRAR os diferentes estímulos auditivos que chegam do meio de modo exclusivo ou concorrente, levando ao desenvolvimento da capacidade de analisar e interpretar as informações que chegam ao nosso cérebro através das vias auditivas.

No senso comum costuma-se dizer que o processamento auditivo é o que o cérebro faz com a informação que recebe.

Desta forma um indivíduo que apresenta alteração no processamento auditivo tem, de modo geral, as seguintes características:

– Dificuldade de ouvir o interlocutor na presença de ruído;

– Dificuldade de localizar de onde vem o som;

– Dificuldade de ler instruções e interpretá-las;

– Problemas em interpretar ritmo, ênfase e entonação;

– Faz grande esforço para se manter concentrado;

– Problemas de aprendizado de leitura, escrita e linguagem (contar uma história, por exemplo).

E quais são os pontos em comuns entre essas duas condições?

Como dito no início desse post há pontos comuns, características comuns, nessas duas condições que são:

– Desatenção auditiva;

– Pouca memorização auditiva;

– Dificuldade no aprendizado da leitura e da escrita;

– Baixo rendimento escolar;

– Dificuldade de socialização.

Porém, para que uma condição ou outra seja devidamente identificada, há necessidade de se realizar avaliações específicas. No caso do TDAH as avaliações são feitas através de testagem em escalas, provas e entrevistas com pais, professores, médicos e o diagnóstico deve ocorrer necessariamente por uma equipe multiprofissional.

Já o diagnóstico de DPA é feito através de avaliações objetivas que avaliam o processamento temporal, a escuta dicótica, a interação binaural e testes monoaurais de baixa redundância. Além de testes auditivos básicos como a audiometria tonal, a impedanciometria e o BERA, também conhecido como PEATE ou Potencial Evocado Auditivo do Tronco Encefálico, é um exame que avalia todo o sistema auditivo, verificando a presença de perda auditiva, que pode acontecer devido a lesão na cóclea, no nervo auditivo ou no tronco encefálico.

Refletindo então sobre o que fora colocado nesse post, nós terapeutas precisamos sempre estar atentos a essas duas condições, pois sabendo que há características comuns, é possível que nós profissionais em algum momento tenhamos que fazer encaminhamentos para que novas avaliações, até mesmo com outros profissionais (neurologista, neuropsicólogos), nos auxiliem na compreensão de cada caso, para que os objetivos terapêuticos venham sempre a contemplar o desenvolvimento daquela criança.    

Até o próximo post,

Fabiane Klann Baptistoti

Fonoaudióloga

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