Quando falamos em intervenção, de modo geral é preciso pensar em alguns passos, como a avaliação de repertório comportamental. Essa visa ter um plano individualizado para cada criança, para assim proporcionar clareza dos objetivos de ensino, e com base neles, avaliar como será conduzido os objetivos de ensino estabelecidos na avaliação de acordo com cada pessoa. Pensando no público neuroatípico, esse planejamento é essencial para além da clareza dos objetivos, é para observar as dificuldades e facilidades do cliente/criança, e assim ajustar a forma de ajuda durante a intervenção, substituir o alvo de ensino, entre outros.
Entre as várias possibilidades de ensino de habilidades, vamos falar brevemente hoje sobre o ensino de tentativas discretas conhecido por DTT e o ensino incidental.
O DTT proporciona apresentar múltiplas oportunidades de ensino em um curto tempo e divide em várias etapas o comportamento para chegar no comportamento final esperado. Leva em consideração quais respostas e tentativas de respostas serão aceitáveis de acordo com o repertório da pessoa, as dicas necessárias entre outros para que a pessoa não erre, assim esta tende a acertar as tentativas e se manter motivada para as próximas oportunidades de ensino. Isso requer do terapeuta manejo dos objetos para que não haja distratores durante as tentativas, disponibilizar reforço imediato, estar atento ao seu comportamento para não dar dicas desnecessárias que influenciem no ensino e ainda, plano de esvanecimento de dicas para que a pessoa faça cada vez mais o ensino de forma independente, aprenda de fato os objetivos estabelecidos e que a motivação para manter aquele comportamento seja o reforço natural, que ela encontra na própria emissão do comportamento ou mesmo do ambiente social.
Já o ensino incidental é focado nas oportunidades do dia durante a interação com a pessoa, as oportunidades de ensino são espaçadas e busca melhorar e aumentar a complexidade da linguagem. Demanda do profissional ter muita clareza dos objetivos e aproveitar as oportunidades durante a brincadeira de forma mais natural possível, na intenção de que a pessoa/criança se mantenha engajada durante o processo.
Os dois tipos de ensino requerem que a pessoa/criança esteja motivada durante todo o processo de ensino e que haja planejamento da sessão por parte do terapeuta, tendo em vista os objetivos de ensino. Ainda, em ambos a resposta correta será reforçada para que a frequência do comportamento adequado continue acontecendo quando as próximas tentativas ocorreram. O que irá determinar um formato de ensino ou outro é a criança/cliente, a forma que ele poderá aprender mais e consolidar o ensino e mais do que isso, é observar qual é o comportamento alvo, uma vez que alguns repertórios é necessário maior exposição. Podemos e devemos ainda intercalar as estratégias de ensino de acordo com os objetivos que irão se estabelecendo e modificando.
É sempre bom lembrar que, quando se trata de estratégias naturalistas, não estamos focando apenas nos treinos em casa, é possível e muito fazer esses treinos em ambientes clínicos de forma que haja generalização em outros espaços. Independentemente do tipo de ensino, é preciso que haja comunicação clara entre terapeuta e a família para que os objetivos de ensino também sejam propiciados em múltiplos ambientes e com pessoas diferentes, esse é apenas um dos muitos motivos para que haja orientação parental.