Nos últimos anos muito se tem observado, comentado e estudado sobre os Transtornos Motores de Fala (TMF). Até então, os diagnósticos fonoaudiológicos se baseavam em atraso de fala e/ou linguagem, transtorno fonológico, alterações de fala de origem músculo esquelético, entre outros. Mas com o surgimento e conhecimento de novos diagnósticos, muitos profissionais ampliaram seus olhares e atenção. Atualmente fazem parte dos TMF a Apraxia de Fala na Infância (AFI), Atraso Motor de Fala (AMF) e a Disartria. Cada qual possui suas características e os diagnósticos muitas vezes ocorrem pela presença e/ou exclusão de sinais.
Conheça abaixo um pouco mais sobre cada um dos transtornos motores de fala e seus respectivos sinais:
A Apraxia de fala na Infância (AFI) é um transtorno neurológico dos sons da fala na infância no qual a criança vai apresentar dificuldade de programação e planejamento da sequência dos sons. Geralmente a criança sabe o que quer dizer mas acontece que o seu cérebro falha ao enviar para o sistema motor (necessário à fala) os comandos adequados para a produção do som. Cada palavra exige um planejamento e programação motora ao ser emitida, é preciso saber quais músculos serão acionados, qual o ponto articulatório, isto é, onde o lábio ou a língua irão tocar, qual será a quantidade de força necessária, entre outros. Por conta dessa falha de comunicação entre cérebro x sistema motor da fala, a criança pode emitir apenas sílabas (cavalo-valo), ou somente o final da palavra (gato-to), só vogais (bola-oa), ou palavras mais curtas, interferindo na prosódia (aspecto rítmico da fala) e consequentemente no inteligibilidade de sua fala, tendo em vista que quanto maior for a extensão da palavra, maior será a necessidade de planejamento motor e maior será sua dificuldade.
O Atraso Motor de Fala (AMF) ocorre quando há um atraso na maturação do sistema motor de fala, causando dificuldade na precisão articulatória. Diferente da AFI, no AMF a dificuldade ocorre na execução dos movimentos articulatórios necessários à fala devido ao atraso maturacional do sistema motor. O cérebro programa e planeja a sequência de sons, mas a dificuldade aparece ao executar o ato de fala propriamente dito. A criança pode apresentar pobre estabilidade de mandíbula, movimentos reduzidos de retração (movimento de sorriso) e arredondamento de lábios (movimento de bico), palavras com extensão diminuídas (computador-tador, sapato-pato), entre outros. Atualmente, estudos apontam que crianças com AMF são 3-4 vezes mais comuns na clínica do que crianças com AFI.
A Disartria, por sua vez, é um distúrbio motor de fala de origem neurológica resultante de distúrbios no controle muscular sobre o mecanismo de fala devido a danos no sistema nervoso central ou periférico. A criança apresenta dificuldade na execução da fala devido à alteração nas cinco bases motoras da fala sendo elas a respiração, voz, musculatura, articulação e ressonância. Geralmente elas apresentam dificuldade na articulação da fala, padrão de fala mais lentificado, pouca prosódia e fala monótona que não varia durante a emissão.
O tratamento para os Transtornos Motores de Fala é realizado por fonoaudiólogo e baseia-se na motivação constante do paciente, prática repetitiva, uso de palavras alvo e de diferentes pistas (visual, tátil, auditiva, etc).
Em caso de dúvida, procure um fonoaudiólogo para avaliação ou se o seu filho já realiza algum tipo de intervenção entre em contato com o profissional responsável pelo caso para discutir as observações e critérios.
Espero que tenham gostado!