Em outros textos aqui explanados, já foi explicado os marcos do desenvolvimento motor em cada fase do desenvolvimento biológico do ser humano.
Porém, para cada fase do desenvolvimento, que envolve características próprias, pode e deve ser estimulada a aprendizagem e o aperfeiçoamento de determinado padrão motor para que o mesmo se estabeleça e sirva de base para o próximo marco a seguir.
Um bom exemplo é quando a criança está aprendendo a sentar. Quanto mais vezes ela for colocada nessa posição mais sua postura irá se fortalecer, mais suas conexões nervosas irão se estabelecer e assim criar um novo padrão mental para que ela adquirida força e tônus muscular para a próxima fase que será o engatinhar.
Compreendida essa questão, aqui começa o entendimento da importância da aprendizagem motora.
Para isso, precisamos entender alguns conceitos básicos.
Qual a diferença entre desenvolvimento motor e aprendizagem motora?
Entende-se por desenvolvimento motor o comportamento ao longo do ciclo da vida, que analisa o comportamento motor em diferentes faixas etárias, ligado à individualidade biológica e condições ambientais, que levam ao refinamento das habilidades motoras. Para cada fase de maturação e idade do indivíduo, um comportamento novo surge e é desenvolvido.
Já a aprendizagem motora é uma melhora significativa no desempenho motor de determinado movimento específico. Tem a função de interferir na capacidade do indivíduo de executar determinada tarefa e melhorá-la através da prática e assim aperfeiçoando suas habilidades.
Quais são as fases da aprendizagem motora?
– Fase Cognitiva: A criança efetua os movimentos com erros grosseiros, só que ela não consegue visualizar seu erro e nem corrigi-lo.
– Fase Associativa: A criança efetua o movimento com erros grosseiros, visualiza o seu erro, mas não consegue corrigi-lo.
– Fase Autônoma: É o terceiro estágio da aprendizagem motora, onde o indivíduo efetua os movimentos com erros grosseiros, visualiza seu erro, onde errou, e consegue corrigi-lo. É nessa fase que a percepção ocorre de maneira mais consciente.
E o que é e quais são os Mecanismos de Percepção?
A percepção é a habilidade para captar, processar e entender informações ao nosso redor e em nós mesmos com os estímulos que recebemos do ambiente e que nos permite ter uma melhor consciência com o mundo que nos rodeia. Essas percepções estão ligadas a algumas funções motoras.
E quais são essas percepções?
– Sensação: É toda informação imediata que é fornecida pelos sentidos e armazenado pelo cérebro (Andrade, 2004).
– Percepção: É a capacidade que um indivíduo tem em associar, comparar, interpretar e distinguir dados imediatos (Andrade, 2004).
– Percepção Cinestésica: É o sentido pelo qual se percebe os movimentos musculares, o peso, a posição do corpo no espaço e de sua relação com o mundo em sua volta. É no estágio autônomo que o indivíduo já tem o domínio da percepção cinestésica (Andrade, 2004).
É a percepção cinestésica que exploraremos melhor para compreender como ela acontece e auxilia no refinamento motor.
Ela pode ser dividida em três:
– Esquema Corporal: É a consciência que o indivíduo adquire sobre seu corpo, pois esse será o ponto central de vivência em sociedade, seu relacionamento com o mundo. O corpo é a expressão viva da mente. O indivíduo evolui dia a dia com seus passos, com suas descobertas, até que tenha seu esquema corporal construído.
– Lateralidade: É o segundo ponto importante da percepção cinestésica, pois é quando o indivíduo começa a diferenciar seus lados (direito e esquerdo), tendo assim maior noção de onde se encontra. Após isso surge a organização do espaço, na qual o indivíduo tem noção do espaço em que encontra e logo o que tem ao seu redor.
– Organização Espacial: Está relacionada ao espaço que os movimentos do corpo podem percorrer e ocupar. É o deslocamento do corpo respeitando os espaços naturais.
Como se vê, o desenvolvimento motor é um campo que investiga a alteração contínua no comportamento motor ao longo da vida. Enquanto a aprendizagem motora aperfeiçoa o desenvolvimento de seus elementos psicomotores como: ritmo, equilíbrio, percepção óculo – pedal e percepção óculo – manual, percepção visual, atenção, cognição, concentração, lateralidade, percepção de tempo e percepção de espaço.
E é assim que os profissionais da Educação e da Educação Física contribuem de forma positiva na formação dos indivíduos durante sua atuação profissional nas escolas, programas sociais e em atendimentos individualizados. Pois é através da repetição e de desafios motores, em ambientes específicos que a mágica acontece.
Até o próximo post,
Claudia M. G. Benedet
Educadora Física e Personal Trainer