As dificuldades alimentares são bastante frequentes em crianças com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) e, em muitos casos, estão entre os primeiros sinais percebidos pelas famílias. Recusas persistentes, seletividade alimentar severa ou rejeição de certos tipos de textura não são apenas “frescuras” — podem ser indicativos de alterações sensoriais, motoras ou comportamentais que exigem atenção especializada.

Por que o momento da alimentação pode ser tão desafiador?

O processo alimentar envolve muito mais do que simplesmente ingerir alimentos. Ele requer:

  • Habilidades motoras orais (mastigação, sucção e deglutição);
  • Regulação sensorial;
  • Capacidade de atenção;
  • Comunicação e interação social.

Em crianças com TEA, é comum observar:

  • Hipersensibilidade sensorial: aversão a cheiros, sabores, texturas ou temperaturas específicas;
  • Hiposensibilidade sensorial: necessidade de estímulos mais intensos para perceber o alimento;
  • Dificuldades motoras orais: atraso no desenvolvimento e na coordenação dos movimentos para sucção, mastigação e deglutição;
  • Rigidez comportamental: resistência a novos alimentos, utensílios ou mudanças na rotina da refeição;
  • Déficits na comunicação funcional: dificuldade para expressar fome, saciedade ou preferências.

Esses fatores podem levar a uma dieta extremamente restrita, recusa de grupos alimentares importantes e riscos nutricionais que comprometem o crescimento e o bem-estar da criança.

Sinais precoces de possíveis dificuldades alimentares

Estar atento aos primeiros sinais pode facilitar o acesso à intervenção no momento certo. Segundo uma revisão recente sobre alimentação e autismo, alguns sinais de alerta podem surgir ainda no primeiro ano de vida:

  • Dificuldades na amamentação (sucção fraca ou ausência do reflexo de sugar);
  • Recusa ou dificuldade na introdução alimentar e progressão das consistências;
  • Seletividade alimentar precoce (preferência rígida por texturas ou sabores);
  • Atraso no uso de utensílios (copos e talheres);
  • Comportamentos alimentares ritualizados (uso de prato específico, ordem fixa para comer);
  • Reações sensoriais intensas, como engasgos, vômitos ou recusa extrema a certos alimentos.

Importante: esses sinais não são exclusivos do TEA, mas merecem investigação, especialmente se forem persistentes.

A importância da avaliação e intervenção 

A avaliação especializada é essencial para identificar se a criança apresenta algum Desafio alimentar da infância e quais áreas estão mais comprometidas — sejam motoras, sensoriais, comportamentais ou comunicativas. A partir dessa avaliação, é possível construir um plano de intervenção individualizado, respeitando o tempo da criança e promovendo avanços reais. Se você percebe sinais de alerta, procure apoio especializado. A intervenção precoce pode transformar a relação da criança com a alimentação, favorecendo mais segurança, saúde e autonomia. Aqui no Centro Evolvere, nossa equipe está preparada para te acolher nesse processo com escuta, cuidado e estratégias baseadas em evidência.

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