A dislexia é um transtorno específico de aprendizagem que afeta a habilidade de leitura e escrita, manifestando-se principalmente na dificuldade em reconhecer palavras, omitir ou adicionar letras no texto, além da sua capacidade de soletração, decodificação e fluência leitora. A intervenção psicopedagógica para crianças com dislexia é fundamental para favorecê-las com estratégias que possam driblar essas dificuldades e promover o desenvolvimento de suas habilidades. Neste contexto, algumas abordagens têm se mostrado eficazes, colaborando para o avanço dessas crianças.
Antes de iniciar qualquer intervenção, é fundamental realizar uma avaliação psicopedagógica detalhada e individualizada. Este processo envolve a análise das competências cognitivas, linguísticas e emocionais da criança, bem como a identificação de suas principais dificuldades e potencialidades, por meio de testes padronizados, qualitativos e de uma observação clínica direcionada. A partir dessa avaliação, o psicopedagogo pode traçar um plano de intervenção personalizado, direcionando os esforços para as áreas que mais necessitam de apoio.
Desse modo, quero ajudar você a ampliar as suas estratégias de intervenção com sugestões práticas e eficientes. Podemos pensar que um dos métodos recomendados seria o ensino multissensorial, pois envolve a utilização de múltiplos sentidos (visual, auditivo, tátil e cinestésico) durante o processo de aprendizagem. E tornamos ele um ponto de partida para o reconhecimento do que mais funcionará com o paciente.
Outra habilidade necessária é a da consciência fonológica, que consiste na capacidade de reconhecer e manipular os sons das palavras, uma competência frequentemente debilitada em crianças com dislexia. Trabalhar intensivamente com exercícios de rima, aliteração, segmentação silábica, identificação de fonemas e atividades de manipulação de sons é essencial para fortalecer essa habilidade. E nessas propostas sugiro ainda um recurso muito útil para utilização de pistas táteis, os materiais MultigestosⓇ. Vale ressaltar que a repetição e a constância são primordiais para ajudar a criança a aplicar esses conhecimentos durante o processo de leitura e escrita.
Além de trabalhar a decodificação, é importante desenvolver a compreensão leitora. Para isso, estratégias como (re)contação de histórias, o grifo de partes pontuais de um texto, a setorização da leitura em pequenos parágrafos, sequência de imagens associadas ao texto, ajudam a criança a organizar suas ideias e entender o conteúdo lido.
Outro ponto de grande impacto no diagnóstico de dislexia é o abalo emocional da criança, pois elas enfrentam frustrações e baixa autoestima devido às suas dificuldades de aprendizagem. Oferecer um espaço em que ela se sinta ouvida, para poder “errar”e tentar novamente, é imprescindível, focando principalmente na sua melhora a longo prazo e não apenas num resultado final. E assim como em qualquer diagnóstico, a intervenção eficaz deve ser um esforço colaborativo que envolve a família e a escola, e isto deve estar claro entre os envolvidos.
As estratégias de intervenção psicopedagógica para crianças com dislexia devem ser previamente planejadas e adaptadas às necessidades individuais. Com as diferentes abordagens pontuadas, é possível promover avanços significativos nas habilidades de leitura e escrita dessas crianças. O papel do psicopedagogo é proporcionar as ferramentas necessárias para que a criança supere suas dificuldades.
DICA EXTRA: para você que quer conhecer um pouco mais sobre as dificuldades de aprendizagem, dicas em ambiente escolar e ainda sugestões práticas, sugiro o livro “Dificuldades específicas de aprendizagem” de Diana Hudson.