Os dois primeiros anos de vida de uma criança, chamado de “ os primeiros mil dias” são primordiais para seu desenvolvimento e a nutrição está totalmente relacionada com este momento. A Organização Mundial de Saúde (OMS), em conjunto com o Ministério da Saúde (MS), recomenda que a criança permaneça em aleitamento materno exclusivo até completar os seis meses de vida, e que a partir dessa fase, seja iniciada a introdução de alimentos complementares de forma correta e orientada por profissionais.

         A partir do sexto mês de vida da criança suas necessidades nutricionais encontram-se aumentadas e consequentemente o leite materno deixa de suprir as necessidades diárias, sendo fundamental a introdução de outros alimentos complementares. É importante ressaltar que tanto a OMS quanto o MS reforçam que mesmo com a introdução de outros alimentos, a criança deve continuar a ser amamentada até os dois anos de idade ou mais, pois a introdução alimentar é complementar ao leite materno e não tem o objetivo de substituí-lo. A exclusão total do leite materno por alimentos pode acarretar risco à saúde das crianças, incluindo o desenvolvimento da obesidade infantil, principalmente diante da oferta de industrializados com alto teor de açúcar e sal.

         No Manual de Alimentação da Infância à Adolescência da Sociedade Brasileira de Pediatria (2018), encontram-se diversas informações acerca da introdução alimentar e o documento  enfatiza o cuidado que se deve ter com a adição de sal nas refeições das crianças. Não se deve adicionar sal no preparo da alimentação complementar para crianças até 12 meses e após esta idade deve-se usar com moderação. Isto porque é suficiente o conteúdo de sal intrínseco dos alimentos utilizados no preparo das refeições.

         Em relação à introdução do açúcar é indicado pelos órgãos competentes que ele seja inserido após os 24 meses de idade e, assim como sal, após este período deve ser consumido com moderação. 

         A prevalência do consumo de açúcar em crianças brasileiras, de acordo com a literatura, é alta. Este hábito pode ser prejudicial, pois, a criança que é exposta ao açúcar desde cedo tem dificuldades na aceitação de alimentos naturalmente doces, como, por exemplo, as frutas. Além disso, crianças que consomem açúcar em excesso podem apresentar alterações no sono e na saciedade.

         Apesar de diversas evidências e intervenções da saúde pública, cada vez mais observa-se práticas inadequadas na introdução alimentar com a oferta de alimentos não recomendados como bolachas recheadas, macarrão instantâneo, refrigerantes, refrescos em pó e salgadinhos antes da criança completar um ano de idade.

         A orientação correta para as famílias, antes e durante a introdução alimentar é de fundamental importância e deve ser realizada por profissionais da área de saúde, como pediatras e nutricionistas. É necessário lembrar que a introdução da alimentação complementar deve ser gradual, respeitando os limites orgânicos e físicos de cada criança. Deve-se estimular a interação da criança com a comida de forma prazerosa e que este momento seja em família, desta forma, a criança evoluirá, de acordo com seu tempo de desenvolvimento, de maneira leve e certamente mais tranquila.

Abraços,

Elisa de Espíndola

Nutricionista

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