Muitas vezes o diagnóstico do TEA faz com que os pais e familiares fiquem sem um norte. É normal este tipo de situação, principalmente nas famílias que nunca tiveram experiência com o autismo. O discernimento sobre qual rumo tomar após o diagnóstico é essencial. 

Em primeiro lugar, é preciso entender que na maior parte dos casos de TEA as dificuldades se encontram em diferentes áreas do desenvolvimento. Algumas delas demandam a intervenção de múltiplos profissionais, outras necessitam de uma carga horária mais intensa de intervenção. É impossível mensurar e padronizar o tratamento do autismo, mas o objetivo principal é a funcionalidade e a independência dentro da individualidade de cada criança. 

Sabe-se que uma equipe interdisciplinar, trabalhando em um espaço comum, apresenta diversos benefícios. Além de otimizar a agenda da criança e da família, com redução no deslocamento, existe o benefício de um olhar único e personalizado dos profissionais sobre a criança. Os objetivos terapêuticos precisam ser alinhados, pois isso está diretamente ligado à conduta de cada especialidade e da equipe como um todo para a família. 

Entre as intervenções mais realizadas na intervenção precoce da criança com TEA estão: 

  • Fonoaudiologia: um dos principais sinais de autismo é o atraso na fala e a dificuldade na comunicação. O objetivo da terapia fonoaudiológica é ampliar o uso de estratégias verbais e não verbais para comunicação funcional e efetiva.
  • Psicologia Comportamental: a presença de comportamentos inapropriados é outro fator comum nos quadros de TEA. O objetivo principal da terapia comportamental é ensinar comportamentos mais apropriados que possam substituir as crises, gritos, e outros comportamentos que afetam o desenvolvimento da criança e a qualidade de vida de toda a família. Além disso, é fundamental a orientação parental sobre conceitos do comportamento. 
  • Fisioterapia: dificuldades motoras costumam estar presentes no autismo. O objetivo da fisioterapia pediátrica nesses casos é auxiliar no processo de desenvolvimento motor e trazer independência e funcionalidade para a criança. 
  • Psicopedagogia: dificuldades relacionadas aos processos de aprendizagem também podem estar presentes em crianças com TEA.  Além disso, é comum reconhecerem e ordenarem com facilidade letras e números, porém, sem o uso funcional desse conhecimento. O objetivo da terapia psicopedagógica é desenvolver a compreensão do uso da linguagem escrita, assim como outros pré-requisitos para que os processos ocorram de maneira adequada.
  • Terapia Alimentar: algumas crianças dentro do espectro autista apresentam seletividade alimentar (sensorial, orgânica e/ou comportamental), que pode afetar o estado nutricional da criança ou mesmo a rotina alimentar da família. O objetivo da terapia alimentar é estimular a aproximação gradual com  alimentos e aos poucos inseri-los na rotina da criança.
  • Terapia Ocupacional: dificuldades nas atividades de vida diária (amarrar tênis, ir ao banheiro, escovar os dentes, etc) e de integração sensorial podem estar presentes no TEA. Por isso, o objetivo da terapia ocupacional é trabalhar de forma lúdica todas essas atividades que afetam o desempenho funcional da rotina da criança.
  • Psicologia Sistêmica Familiar: o foco das intervenções não se concentra somente na criança com TEA, mas sim em todo o núcleo familiar. Além das orientações parentais, é fundamental que os membros da família também busquem atendimento individual quando percebem sofrimento psicológico. O objetivo da terapia familiar é fornecer subsídios para uma relação saudável entre pais e filhos.

Até o próximo post,

Beatriz Estrella

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