Uma das primeiras formas de comunicação após o nascimento é através da exploração do ambiente e dos objetos ao seu redor. É através dos gestos e dos movimentos que o bebê se comunica com os outros. Ainda nos primeiros dias de vida, o recém nascido começa reconhecer que seu corpo ocupa um determinado espaço no ambiente e esse reconhecimento se desenvolve juntamente com a criança. 

Alguns estudos mostram a importância de um desempenho motor adequado no desenvolvimento infantil e apontam a relação entre as capacidades motoras e o desempenho no processo de aprendizagem escolar da leitura e escrita, por exemplo. 

Pensando nos estágios do desenvolvimento motor, podemos dizer que o corpo desenvolve primeiro habilidades motoras amplas, ou seja, realiza movimentos mais grosseiros, para depois fazer a refinação desses movimentos. Como por exemplo, a criança primeiro aprende a ficar sentada, sem auxílio, estabilizando seu próprio tronco para depois andar e chutar bola em uma direção específica. Por isso, aquele reconhecimento corporal que falamos no início é tão importante. Ter uma imagem mental representativa do seu próprio corpo é o que chamamos de esquema corporal. 

Qual a importância do esquema corporal?

A percepção do próprio corpo e a percepção dele no espaço e no tempo contribuem para o desenvolvimento dos aspectos motores, físicos e cognitivos. Estudos apontam que cerca de 5 a 10% das crianças nos primeiros quatro anos escolares apresentam problemas no desenvolvimento motor. Fator que pode estar relacionado diretamente com as dificuldades de aprendizagem da criança. 

A criança precisa desenvolver a habilidade de reconhecer seu próprio corpo no espaço para poder ter um bom controle das suas ações motoras. Além disso, é através da imagem corporal que a criança sintetiza todas as informações, todos os estímulos e todas as ações do mundo exterior, permitindo assim, a diferenciação do seu eu com o mundo. 

É possível estimular o desenvolvimento do esquema corporal?

A representação do esquema corporal de acordo com Fonseca (2019) se dá através das informações visuais, táteis, auditivas, cinestésicas e vestibulares reunidas no cérebro. Sendo assim o corpo realiza a composição da memorização de todas as suas partes e de suas possíveis experiências de movimentos, agradáveis ou desagradáveis.

Podemos estimular a criança de diversas formas dependendo da sua faixa etária (leia mais aqui), alguns exemplos de atividades que podemos incluir em nossa rotina são: 

  • Jogar bola com orientações verbais indicando a localização da bola em relação ao corpo da criança, como “pegue a bola atrás de você”, etc; 
  • Nomear as partes do corpo humano no banho. Aqui você pode usar orientações como “passe o sabonete no seu pé”;
  • Realizar desenhos do seu próprio corpo e da família fazendo observações como quem é mais alto;
  • Outra forma de desenhar o corpo humano é no próprio espelho, com canetas específicas. Neste caso a criança pode ter a informação visual além da representativa;
  • Alguns videogames trazem a possibilidade de jogar com o próprio corpo e através da realidade virtual; 
  • Em plataformas de vídeos existem músicas e animações sobre o corpo humano que podem ser trabalhadas com a criança. 

Crianças com alterações no esquema corporal podem apresentar alguns sinais como:

  • Dificuldades de diferenciação entre os lados direito e esquerdo;
  • Dificuldade para cruzar a linha médica do corpo ou realizar movimentos cruzados, como pentear o cabelo, por exemplo;
  • Não conseguir ficar em apoio unipodal (um pé só);
  • Alterações na escrita e recorte; 
  • Déficit no equilíbrio;
  • Problemas para caminhar, subir ou descer escadas e andar de bicicleta.

Estimule o desenvolvimento do seu filho. Incentive esportes e prática regular de atividades físicas. E em caso de dúvidas procure um especialista. 

Até mais, 

Grazielle Muniz Gobetti

Fisioterapeuta

Referências:

DA FONSECA, Vitor. Manual de observação psicomotora: significação psiconeurológica dos fatores psicomotores. WAK, 2019.

NETO, Francisco Rosa et al. O esquema corporal de crianças com dificuldade de aprendizagem. Psicologia Escolar e Educacional, v. 15, n. 1, p. 15-22, 2011.

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