Através da prática e da experiência, quando treinamos uma determinada habilidade, melhoramos seu desempenho, otimizando assim a sua capacidade de realizar tais tarefas com sucesso, precisão e menos consumo de energia.
A Função Motora é essa habilidade, que proporciona um resultado de máxima precisão, que auxilia o aprendizado motor a uma mudança permanente, de um movimento predeterminado. Portanto, a prática contínua de uma função motora específica resultará numa melhoria do seu desempenho.
Obviamente que, essas funções, dependem da fase do desenvolvimento motor e da aprendizagem motora em que se encontra a criança, pois dependem da maturação neurológica, da individualidade biológica e do ambiente em que esta se desenvolve como já foi citado em outros posts:
Marcos do desenvolvimento motor – 0 a 6 meses
Marcos do desenvolvimento motor – 6 meses a 12 meses
Marcos do desenvolvimento motor – 12 a 24 meses
Marcos do desenvolvimento motor – 2 a 3 anos
Marcos do desenvolvimento motor – 3 a 4 anos
Para que estas percepções desenvolvam-se bem e melhor as crianças devem ser expostas a estímulos para que as funções motoras de cada fase se estabeleçam. Confira aqui quais são e como fazê-lo.
E quais são os estímulos adequados para cada idade?
1- Fase Cognitiva (0 a 3 anos de idade)
Os reflexos são as primeiras formas do movimento humano. Os movimentos rudimentares são determinados de forma maturacional e caracterizam-se por uma sequência de aparecimento previsível, ou seja, as fases básicas do desenvolvimento humano, como o sustento da cabeça, o rolar, o sentar, o engatinhar e o andar.
Deve ser permitido a criança obter o máximo de exposição a estímulos visuais e sonoros, ser colocada em diferentes posições e deixá-la livre para se movimentar.
Atividades como curiosidade pelos itens do ambiente, procurar o som, toques ou mudanças de posição do corpo, esconde-esconde, buscar objetos / brinquedos e atividades manipulativas como soltar e agarrar são enriquecedoras nesta fase.
2- Fase Associativa (3 a 7 anos de idade)
Aqui é onde as habilidades motoras fundamentais da primeira infância são consequência da fase de movimentos rudimentares. Nesta idade a criança já é capaz de realizar as atividades com mais facilidade, diminuindo a quantidade de erros e a variabilidade entre as tentativas. Começa uma fase de organização mais efetiva e padronizada de movimentos para a execução de tarefas, procurando associar os movimentos com certas respostas do meio ambiente. Inicia um estágio de refinamento, onde os erros são menos grosseiros.
A criança já assimila conceitos como embaixo, acima, direita, esquerda, já adquiriu alguma noção de tempo como a duração de intervalos de tempo e de ordem de sucessão (do primeiro ao último). As atividades escolares e lúdicas reforçam e aperfeiçoam estes entendimentos como esperar na fila, ir para o final da fila, buscar o objeto mais próximo ou o mais longe, etc.
São estímulos específicos dessa fase andar, correr, saltar, pular, chutar, bater, atividades manipulativas como cortar, arremessar, agarrar entre outras.
3- Fase Autônoma (7 aos 12 anos de idade)
Também chamada de Fase Motora Especializada, acontece um maior desenvolvimento da coordenação motora fina, que é um período em que as habilidades estabilizadoras (como equilibrar e rolar), locomotoras (como correr e saltar) e manipulativas fundamentais (como arremessar, receber, chutar, rebater e quicar) são progressivamente refinadas, combinadas e elaboradas para o uso em situações crescentemente exigentes, como é o caso das atividades esportivas.
Assim, para a execução de certas habilidades motoras a criança deve apresentar controle das partes do corpo em movimento e da relação entre os movimentos das diversas partes do corpo. Com a maturação neurológica progressiva e as experiências de movimentos decorrentes do avançar da idade, desenvolve-se cada vez mais o controle motor, equilíbrio – tanto estático quanto dinâmico – e da coordenação, que em conjunto com os fatores de produção de força, de agilidade, velocidade e energia, são considerados determinantes do desempenho motor. Os fatores de produção de força tornam-se mais importantes depois que a criança obtém controle de seus movimentos fundamentais e passa para a fase motora especializada.
Entra aqui um maior domínio das percepções óculo-pedal, óculo-manual, percepção visual, atenção, cognição, concentração, lateralidade, percepção de tempo e espaço.
Fatores favoráveis como a escola, família e o ambiente, aliados às rotinas diárias de atividade física propiciam um amplo e diversificado arquivo motor, favorecendo a coordenação motora.
Contrariamente, ou seja, a ausência ou insuficiência dessas atividades pode afetar além da coordenação e do desempenho, a qualidade dos movimentos, causar diminuição do rendimento motor, influenciar na realização escolar, no senso de competência na participação nas atividades físicas e na interação com a sociedade.
Dar espaço e expor as crianças a movimentos dá a elas uma vivência motora que será importante para sua vida diária e até a fase adulta, adquirindo assim o gosto e hábito pelo movimento e/ou esportes.
Portanto observar cada fase do desenvolvimento e oferecer à criança momentos lúdicos e de brincadeiras num espaço rico de oportunidades e com os estímulos adequados auxiliará a criança na aquisição de experiências motoras que serão refinadas conforme suas funções motoras amadurecerem.
Tornar-se ativo através de vivências motoras ainda é a melhor opção para um desenvolvimento saudável!
Até a próxima!
Claudia M. G. Benedet
Educadora Física e Personal Trainer