As alergias alimentares (AA) são um problema nutricional que vem crescendo fortemente nas últimas décadas, provavelmente devido à exposição da população a um número maior de alérgenos alimentares, principalmente as crianças. Por estar se tornando um problema de saúde em todo o mundo, está associada com uma piora significativa na qualidade de vida. 

As células intestinais são responsáveis por fragmentar o alimento e proporcionar para o organismo todos os nutrientes necessários. A produção destas células é mantida pela microbiota intestinal saudável. Acontece que algumas pessoas não têm uma renovação adequada das células intestinais devido à disbiose intestinal, que é o desequilíbrio entre as bactérias protetoras e agressoras do intestino. 

As AAs podem ser definidas como uma reação adversa a um antígeno alimentar mediada por mecanismos fundamentalmente imunológicos. Os alimentos mais citados como causadores de alergias alimentares são: trigo, leite, ovos, amendoim, castanhas, frutos do mar e soja, ou seja, alimentos protéicos. Em condições normais, a reação alérgica a alimentos é evitada, pois, o trato gastrointestinal e o sistema imunológico fornecem uma barreira que impede a absorção da maioria dos antígenos.

Para que a reação alérgica a um alimento ocorra, proteínas ou outros antígenos devem ser absorvidos pelo trato gastrointestinal, interagir com seu sistema imunológico e produzir uma resposta. Quando a microbiota intestinal não está saudável, a produção de enzimas fica defasada, sendo que, um dos objetivos destas enzimas  é fazer a correta quebra das proteínas para não serem nocivas para a pessoa. As principais reações adversas que surgem são os sintomas gastrointestinais que incluem constipação crônica, diarréia, dor, gases e inchaço abdominal, assim como podem ocorrer dermatite e condições respiratórias como prurido nasal, corrimento e estreitamento das vias. 

Estudos indicam que  50 a 70% dos pacientes com Alergia Alimentar possuem história familiar de alergia. Caso o pai e a mãe apresentam alergia, a probabilidade de terem filhos alérgicos é ainda maior,  75%.

Sendo o glúten e as proteínas do leite os alimentos mais prevalentes quando se trata de AA, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) ressalta que a retirada do glúten resulta na exclusão de todos os produtos que o contém, como: trigo, aveia, cevada ou centeio e todas as suas farinhas, que são utilizados na fabricação de pães, biscoitos, macarrão e outros produtos. Ainda, a exclusão da caseína retira da dieta derivados do leite como o iogurte, queijo, manteiga, creme, sorvete, entre outros. Portanto, este tipo de orientação resulta em uma série de problemas para o cotidiano familiar.

Há autores que afirmam que o glúten e a caseína (uma das proteínas do leite), principalmente, causam hiperatividade, falta de concentração, irritabilidade e dificuldade na interação da criança com autismo. Este tipo de terapia dieta gluten-free, casein-free (GFCF) popularizou entre os pais e cuidadores e apesar de existirem estudos científicos capazes de relacionar esta condição com AA, ainda não existe comprovação total de causa e consequência entre essas variáveis.

Devido a grande popularização da GFCF, grande parte dos pais não procuram orientações seguras de profissionais, deixando a saúde das crianças em risco com o seguimento de informações sem fundos científicos. Neste ponto, a procura por um nutricionista capacitado  para este tipo de atendimento se faz necessária, para que, os pais se sintam seguros e embasados para aplicar uma correta e individualizada conduta.

Até a próxima,

Elisa de Espíndola

Nutricionista

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