Já conversamos por aqui que a fala é a representação motora da linguagem e que para que ela aconteça adequadamente uma série de processos devem ocorrer de forma coordenada. Entre esses processos está o controle motor da fala que antecede a execução de fato. Mas o que é isso, afinal?

O controle motor da fala

O controle motor da fala é o processo que realiza o planejamento da sequência de sons a ser executada, a organização dos movimentos articulatórios e a execução do plano determinado após o agrupamento dos sons em sílabas e consequentemente em palavras. Esse processo precisa ser fluente e depende entre outros fatores do desenvolvimento fonológico da criança, uma vez que o aprendizado dos planos motores dos sons se dá com  o seu próprio uso.

Curiosidade: A área cerebral conhecida como responsável pelo controle motor da fala é a área de Dronkers, que fica no lobo da ínsula no hemisfério esquerdo.

Quando nascemos nosso controle motor oral não está maduro, ele vai sendo refinado ao longo do tempo, e então ganhamos cada vez mais coordenação, velocidade e precisão articulatória. Tipicamente crianças com 2 anos e meio e 3 anos de idade estão passando por um momento de aprimoramento dos movimentos articulatórios e já são bem compreendidas, mas ainda não finalizaram a aquisição fonológica, que continua a acontecer até os 5-6 anos de idade.

O controle motor da fala possui uma íntima relação com o desenvolvimento fonológico e é aprendido no uso, por isso, precisamos também considerar que todos os órgãos fonoarticulatórios encontram-se preservados, assim como a funcionalidade de cada um deles.

Órgãos fonoarticulatórios

Os órgãos fonoarticulatórios são as partes envolvidas na produção da fala e podem ser divididos em ativos e passivos. Os órgãos fonoarticulatórios ativos são os lábios, a língua e o palato mole. Já os passivos são o palato duro, dentes e arcada dentária. Deste modo, segundo Bianchini et al. (2003), “a fala sofre influência da presença e posição dos dentes, da mobilidade de lábios e de bochechas, da posição e mobilidade de língua e posição de mandíbula, além da adequação do espaço intra-oral para a articulação fonêmica e a ressonância”.

Além disso, o controle motor oral também se desenvolve a partir as funções realizadas pelos órgãos fonoarticulatórios e por outros envolvimentos nas funções de sucção, deglutição, mastigação, respiração e, claro, fonação e articulação.

Processos coordenados

Podemos considerar então que o desenvolvimento do controle motor da fala se desenvolve de forma coordenada com diversos outros processos que se retroalimentam ao longo do desenvolvimento infantil. Portanto, quando uma criança apresenta prejuízo em alguma dessas áreas é muito natural que ocorra um desequilíbrio de outras funções.

O que é importante lembrar é que assim como outros aprendizados motores que realizamos durante a vida, sempre iniciamos com movimentos mais fáceis e avançamos em complexidade de acordo com as nossas experiências. 

Cada criança possui um desenvolvimento próprio, mas sempre devemos estar atentos aos marcos do desenvolvimento e observar se a criança apresenta padrões imaturos para a sua faixa etária ou sinais de alerta.

Na observação de situações como atraso no desenvolvimento da linguagem, dificuldade persistente para aquisição de sons, incoordenação na fala, distorção de sons, alterações na melodia da fala, entre outros, procure uma avaliação de um profissional fonoaudiólogo.

Até o próximo post,

Tatiane Moraes Garcez

Fonoaudióloga

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