As famílias que passam pelo divórcio têm em comum uma preocupação: o bem-estar dos filhos diante da nova condição da família. Por ser um rompimento da família que de um núcleo se torna dois, muitas coisas mudam. E como preparar as crianças para essa nova realidade? Assim como é importante acontecer um planejamento para o casamento, é importante haver uma preparação para o divórcio também. 

Diálogo com os filhos

Contar aos filhos sobre a decisão do divórcio é fundamental. As crianças, por menores que sejam, percebem as mudanças que acontecem em casa. As brigas, os conflitos, as desavenças. Elas percebem e sentem que tem algo acontecendo. Para não alimentar fantasias ruins, é sempre indicado contar aos filhos a verdade. Dessa forma, em contato com a realidade, eles têm menos chances de criar fantasias negativas. A certeza gera uma segurança emocional importante as crianças.

Sentimentos

Ao contar a verdade, os pais devem procurar respeitar a idade e a capacidade de compressão de cada filho. Além disso, é importante abrir espaço para ouvir e acolher as dúvidas e angústias que essa decisão pode gerar neles. Ambos os cônjuges devem participar dessa conversa, que preferencialmente deve ocorrer com os dois juntos para evitar falas divergentes que podem deixar a criança confusa. Porém, se isso não for possível, de qualquer maneira, ambos devem ter esse momento com os filhos.

Culpa

As crianças têm a tendência de sentirem culpa quando algo sai fora do esperado. É necessário esclarecer a elas a diferença entre os pais enquanto casal e enquanto pais. Para que desta maneira a criança compreenda que a decisão de separação nada tem a ver com as atitudes dela. Carregar fantasias associadas com culpa para a vida adulta atinge a qualidade de vida desse filho. Os sentimentos de tristeza e medo costumam estar presentes nessa fase também. Eles são normais, esperados e devem ser acolhidos pelos pais, e desmistificados na medida que essa transição de vida vai acontecendo.

As mudanças

Para as crianças terem a garantia que não serão abandonadas pelo pai ou mãe que sai de casa, e que o amor paterno permanece intacto é imprescindível para que ele passe por essa transição. O medo do desconhecido, dessa nova condição de ser família impera também, e os pais devem fazer um esforço para que as mudanças aconteçam aos poucos. Por exemplo: evitar que mudanças de casa, escola, atividades extracurriculares, festas de família, etc, deixem de acontecer todas de uma vez só. Isso é gerador de ansiedade nas crianças. Elas precisam e se organizam com uma rotina. Na medida do possível, essa transição deve ocorrer com calma e cautela.

O novo “normal”

As crianças podem apresentar sintomas comportamentais nessa fase, regredir em alguma área do desenvolvimento, chorar, tornarem-se mais agressivas ou caladas, etc. Todas essas são consequências dessa transição de ciclo familiar. São esperadas e comuns. Mas claro, após um período inicial de transição, os filhos vão se acostumando à nova realidade, a partir da estabilidade na nova condição. É necessário que haja um engajamento de ambos os pais nesse novo momento, e de cooperação entre eles. Quando esses sintomas não passam, ou aumentam, ou mesmo quando o ex casal não consegue separar suas questões da conjugalidade e da paternidade, é indicado que procurem ajuda profissional nesse momento.

Uma terapia pode acontecer individualmente com os membros dessa família, ou de forma conjunta entre um dos pais e os filhos, ou apenas com os filhos, para que possam se organizar emocionalmente com o divórcio.

E você, já passou por uma situação parecida? Quer compartilhar sua experiência? Me conta nos comentários aqui abaixo.

Até breve,

Tamara do Nascimento

Psicóloga

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