Nesse momento que estamos vivendo em que as aulas estão sendo realizadas online, os alunos sem interação com seus pares e professores, torna-se importante não esquecer das nossas crianças que precisam de olhar individualizado para que de fato o processo de aprendizagem aconteça. 

Nesse sentido e por já ter estado por muito tempo atuando em sala de aula, quero hoje discutir  com vocês sobre o trabalho pedagógico com alunos que precisam de adaptações curriculares ou apoio especializado, mais propriamente, sobre a inclusão, a importância do trabalho da equipe interdisciplinar em relação às crianças com Transtornos e/ou deficiências, e o respeito à diversidade neste ambiente, em fase de iniciação à vida escolar, na Educação Infantil.

A inclusão na Educação Infantil

Todo sujeito, toda criança é um ser capaz de aprender, respeitando sua individualidade e singularidade. A escola deve estar preparada para receber crianças com qualquer tipo de deficiência ou dificuldade  e quando falo em preparação aqui não me refiro somente a aspectos relacionados a adaptações físicas, mas também ao corpo docente, a formação da equipe escolar, entre outros aspectos.

A educação infantil é o primeiro ambiente de aprendizagem da criança, portanto é um lugar privilegiado para que aspectos relacionados à inclusão possam ser iniciados. O corpo docente deve estar preparado e embasado para desenvolver um bom trabalho pedagógico com toda e qualquer especificidade., por isso reafirmo a importância do trabalho interdisciplinar: Pedagogo, neuropsicopedagogo, psicólogo, fonoaudiólogo, entre tantos outros profissionais precisam trabalhar em conjunto e estarem abertos à troca. O profissional que vai estar em sala de aula precisa da ajuda dos outros profissionais que fazem parte da rotina da criança. O psicólogo, por exemplo, vai auxiliar nas questões comportamentais, o fonoaudiólogo na estimulação da fala e da linguagem, o neuropsicopedagogo vai pensar em estratégias de ensino- aprendizagem, etc.

E como desenvolver esse trabalho interdisciplinar na rotina escolar? 

Pensando em um plano educacional individualizado – PEI, já temos um texto publicado aqui no blog onde abordei sobre esse tema, que contém as necessidades específicas do aluno, cuja avaliação e revisão são realizadas periodicamente pela equipe envolvida. O PEI se torna indispensável, pois é ele que vai auxiliar o professor em sala de aula, norteando, para que ele possa desenvolver um trabalho de qualidade com o aluno e atingir o objetivo final, que é o seu pleno desenvolvimento em ambiente escolar.

Mas não podemos pensar somente no PEI que é um instrumento norteador do aprendizado da criança com necessidades educacionais especializadas. Precisamos ir além, oportunizar que todos os envolvidos no processo sejam mediadores do processo de aprender. E como isso pode acontecer?

Falar sobre diferenças é um primeiro passo

Quando nos referimos a inclusão, sabemos que ela traz benefícios não só ao aluno em questão, mas a todos os estudantes e corpo docente, tornando-os cidadãos mais conscientes e capazes de lidar com diferenças. O comportamento humano é pautado em exemplos, que, quando bem estruturados na infância, formam cidadãos mais conscientes.

É durante a infância que a criança tem os primeiros contatos com valores importantes para a constituição de seu caráter. E esses valores que se estabelecem na memória de uma criança, permanecem e se transformam ao longo da vida, fortalecendo a importância do respeito por tudo, ainda que diferente.

Ao ensinar inclusão para crianças é preciso muito mais que simplesmente falar sobre aceitar as diferenças. É fundamental que os pequenos aprendam desde cedo sobre respeito e empatia para que saibam como acolher verdadeiramente as crianças com deficiência. As ações pedagógicas que valorizam as diferenças devem fazer parte da rotina das escolas, das instituições de ensino, possibilitando que os alunos repudiem qualquer tipo de discriminação e preconceito dentro e generalizando para fora do ambiente escolar.

Pensar em ações, atividades, vivências, que podem ser propostas por toda equipe interdisciplinar, sobre todas as diferenças a que estamos expostos, pode levar as crianças a terem oportunidade ímpar dentro do ambiente escolar, tornando consciente  o lugar de cada um no processo de aceitação do outro.

O planejamento escolar precisa ser ampliado nos seus objetivos, e para além de objetivos conteudistas, deve incluir objetivos humanistas, oportunizando igualmente a todos aprender a partir de interações com as diferenças e com o diferente.

Até a próxima,

Fernanda Andrade dos Santos

Neuropsicopedagoga

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