Essa semana senti necessidade de voltar a um velho tema que há algum tempo não escrevo. Nomeei esse post de “Voltando ao Autismo” por dois motivos:

– Primeiro pelo motivo que já mencionei na primeira frase: faz tempo que não escrevo nada sobre o tema;

– Segundo porque estamos novamente iniciando um ano e é importante que tanto os pais, como os professores e outros profissionais que ao longo do ano  irão conviver com uma criança que está dentro do espectro, conheçam mais e mais sobre o tema.

Preparei um texto com os principais tópicos sobre o autismo para que você compreenda o quadro. Vamos lá!

O autismo

Autismo é uma condição na sua grande maioria dos casos geneticamente determinada por hereditariedade ou pela própria epigenética. Tão comum nos dias atuais, onde os números mostram que para cada 48 criança nascidas, uma desenvolverá a condição do autismo. No mundo hoje há 70 milhões de pessoas autistas e no Brasil o número chega a 2 milhões. Mas os números não param por aí. Alguns estudiosos estimam que em 2025 para cada duas crianças, uma estará dentro do Espectro do Autismo.

Penso que não somente pelo que mostram os números, mas também a quem estamos nos referindo – indivíduos que estão crescendo entre nós ou talvez em nossa própria família –  é que precisamos cada vez mais conhecer essa condição, já tão comum entre nós.

A origem da palavra

Autismo é um termo que vem da palavra grega “autos” e indica “voltar para dentro de si” ou nas palavras do psiquiatra austríaco Eugen Bleuler “ensimesmar-se”, ou seja, isolar-se socialmente.

Quis fazer referência a origem do termo porque o primeiro critério usado para levantar a possibilidade de uma criança poder estar dentro do espectro é justamente o critério de habilidades sociais.

Alguns pais fazem a seguinte colocação para nós terapeutas: “Ele vai com todas as pessoas”, “Não tem dificuldade de se adaptar aos lugares”, “Não incomoda, fica sempre quietinho no seu quarto”, etc. Para muitos é difícil perceber que  todas essas colocações expressam comportamentos incomuns entre crianças com desenvolvimento adequado. Você já pensou nisso?

A criança com autismo apresenta uma inabilidade social, não há filtro social, por isso ela “vai com todo mundo” e “não estranha”. Isso pode parecer positivo para um casal inexperiente ou “pais de primeira viagem”, uma vez que a criança demanda menos interação ou menos madrugadas em claro quando apresenta esse comportamento mais “calmo” ou “passivo”.

Mas não estou aqui fazendo referência a demonstração de carinho e afetividade. Sim, crianças autistas demonstram sentimentos e já falamos por aqui sobre os mitos que envolvem a condição (leia aqui). Estou aqui fazendo referência a comportamentos sociais que aos olhos de muitos adultos parecem que são justamente os comportamentos usados para justificar que a criança não está dentro desta condição. 

Um Espectro

É claro que as dificuldades de interação social não são o único fator que faz uma criança estar ou não dentro de espectro. Há outros tais como:

– Dificuldade no desenvolvimento da comunicação pré-verbal e verbal dentro da idade esperada;

– Comportamentos disfuncionais tais como ritualidade e estereotipias, que atrapalham o seu aprendizado e desenvolvimento.

Esses dois quesitos, tão bem descritos no DSM-5 juntamente com a questão social é que são capazes de nos dar o indicativo da criança apresentar a condição do autismo.

Diante dessa possibilidade, o que fazer?

Em casos de desconfiança os familiares ou pessoas relacionadas devem buscar cada vez mais informação sobre as diversas características da condição, as diferentes possibilidades de intervenção, e INTERVIR.

Não vale diante de tanta informação ESPERAR. Há famílias que esperam pelo tempo da criança, esperam até fechar o diagnóstico, esperam para sanar a questão auditiva. Esperam…

Não há tempo para a espera quando se fala de desenvolvimento infantil. Há uma criança que precisa de ação urgente e intensa para se desenvolver. Há um cérebro que pede ajuda para criar novos caminhos e conexões.

E não é só a família que precisa informar-se e agir. Os professores também precisam estudar, criar novo planejamento pedagógico, ver quais auxílios necessitarão para que seu aluno consiga avançar na aprendizagem acadêmica. 

Portanto, convido você que trabalha ou convive com uma criança que está no espectro autista a instrumentar-se para ajudá-la no seu desenvolvimento.  

Até a próxima,

Fabiane Klann Baptistoti 

Fonoaudióloga

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