Será que falar corretamente sem trocas na fala é o suficiente para uma boa comunicação? E a resposta é NÃO! De acordo com os marcos do desenvolvimento da linguagem é esperado que a criança compreenda o uso das regras de sua língua conforme a sua idade cronológica, ou seja, não é esperado que aos 4 anos de idade a criança fale: “esse meu bola” ao invés de: “essa é a minha bola”, assim como não é o esperado que aos 5 anos de idade ela não saiba conjugar adequadamente os tempos verbais como por exemplo na frase a seguir: “eu que comei o doce”. Na primeira frase todas as palavras foram ditas corretamente, não há trocas de fonemas na produção delas e mesmo assim, há uma dificuldade na mensagem a ser transmitida, já na segunda frase a palavra “comei” também não se refere a trocas na fala e sim por um desvio de flexionamento verbal. É como se a criança aplicasse as mesmas regras para todos os contextos comunicativos, generalizando-as.

É durante o desenvolvimento linguístico que a criança compreende as regras referentes à sua língua. É progressivo. Cada etapa é essencial para a aquisição de novas habilidades, contemplando assim, todas as esferas da linguagem e o amadurecimento cognitivo.

E quais são essas regras? As regras referem-se aos aspectos semântico, fonológico, morfossintático, pragmático, além das habilidades orais de narrar, argumentar e explicar. Para uma boa comunicação a criança precisa entender e fazer o uso adequado delas e diante disto vamos descrevê-las abaixo:
Aspecto semântico: Considera os significados na palavra, na frase ou no discurso;
Aspecto fonológico: Engloba a produção dos sons, emissão de fonemas;
Aspecto morfossintático: É o estudo da organização das palavras na frase, ou seja, tanto a omissão, a substituição, a inserção ou palavras fora de ordem interferem na compreensão;
Aspecto pragmático: É o uso social da língua. É adequar a emissão de sons (fonemas), estruturar uma frase e saber o significado e adequar ao contexto em que está sendo empregado. Também diz respeito a competência comunicativa: a compreensão de linguagem figurada, metáforas, piadas etc.

Por volta dos 5 anos de idade a criança já possui domínio do sistema gramatical básico de uma língua, entretanto, determinadas crianças podem ter dificuldades em atingir níveis mais elaborados de organização sintática. Nós profissionais da saúde, educação e pais e ou responsáveis, devemos estar atentos que para além das trocas na fala, existe uma complexidade de fatores que podem influenciar na comunicação de uma criança e na forma como ela é compreendida pelos demais e muitas vezes pode ser motivo de exclusão pelos seus pares, por apresentar dificuldades não mais esperadas para a sua idade. Caso haja dúvidas ou caso você tenha observado tais dificuldades comunicativas, saiba que o profissional apto a avaliar e intervir é o fonoaudiólogo que atua em linguagem infantil. O encaminhamento deve ser feito o quanto antes para o alcance do desenvolvimento integral da criança.

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